O número de feminicídios dobrou nos primeiros quatro meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo um levantamento da Polícia Civil feito a pedido do G1, no ano passado, foram três mortes, e neste ano, com dados contabilizados até o dia 23 de abril, já são seis mortes.
Só no mês de abril deste, são dois casos. Nos meses de fevereiro e março foram mais duas mortes em cada um respectivamente.
Um destes casos bárbaros é o da chilena Karina Constanza Bobadilla Chat, de 22 anos, morta com mais de 20 facadas no dia 1º de fevereiro em Rio Branco. O motivo do crime, foi porque a vítima não aceitava um relacionamento com o suspeito. O homem foi indiciado pelo crime, mas a vida e os sonhos de Karina, que era artista de rua, não podem voltar.
Em março deste ano, durante uma discussão, a jovem Katiane de Lima, de 23 anos, foi calada de forma brutal pelo companheiro dela com pelo menos três facadas, no pescoço, braço e costelas. Ela estava com o filho no colo na hora que foi assassinada no dia 25 daquele mês e os números continuaram subindo.
Um dos casos mais recentes, é o da servidora pública Sara Araújo de Lima, de 38 anos, morta a tiros, no dia 13 de abril. O autor dos disparos foi o marido dela, Jorge Alberto Franco Filho. Eles já tinham se separado por ameaças do companheiro, Sara chegou a registrar queixa, mas os dois reataram e tudo acabou com os dois mortos.
Dois dias depois, mais uma mulher morreu pelas mãos de um ex-companheiro. O crime ocorreu no município de Tarauacá, no interior do estado. Carina Martins da Silva, 25 anos, foi morta com pelo menos cinco golpes de faca. Após desferir os golpes, o suspeito deixou o filho deles de apenas 1 ano de idade ao lado do corpo da mulher, foi o choro da criança que chamou a atenção dos vizinhos e fizeram eles encontrarem a jovem morta.
Várias mortes, em um curto período de tempo, o que fez o número dobrar de um ano para o outro.
Os dados da polícia apontam que, das ocorrências geradas tanto na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), como na Delegacia de Flagrantes (Defla), houve uma queda de 34% dos registros também comparando os primeiros quatro meses usados no comparativo.
Os dados de 2019 apontam que foram registradas 690 ocorrências de violência contra a mulher. Já em 2020, até dia 23 de abril, foram 464.
O levantamento ainda aponta dados referentes a estupro, nos quais também apresentam uma redução de 40%. Em 2019, saindo de 25 ocorrências deste crime para 15 nos registros da polícia.
Durante o período de pandemia do novo coronavírus, a Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM), informou que o problema da violência contra a mulher é agravado no estado, porém, estas vítimas não fazem o registro, e criam um grupo grande de subnotificações.
“Com o isolamento social, a violência doméstica contra as mulheres, infelizmente, tende a aumentar, então o governo está lançando essa campanha ‘Nenhuma Mulher a Menos’, que tem como objetivo fortalecer as estratégias de combate ao feminicídio, porque 70% das mulheres no estado não registram. Elas estão passando pela violência, mas elas não buscam a rede de proteção”, informou a secretária Claire Cameli.
Para prestar auxílio às mulheres vítimas de violência, foi lançado um canal de atendimento por telefone, onde as mulheres podem denunciar a situação de violência ou até solicitar atendimento psicológico.
A medida, conforme a secretária, é para garantir que sejam mantidos os atendimentos que eram feitos de forma presencial, antes da pandemia do novo coronavírus.
“Colocamos temas importantes de conscientização, os tipos de violência. Então, nós também vamos atuar por meio de vídeos que vão ser compartilhados para chegar ao alcance de todas as mulheres dentro do estado. E também através do telefone que funciona todos os dias da semana para que sejam feitas as denúncias”, explicou a secretária.
Os canais de atendimento são pelo telefone (68) 99247-7989; e-mail: diretoria.mulheres.ac.@gmail.com. Além disso, a secretária ressalta que no caso de necessidade da intervenção da polícia, o 190 direciona para a Patrulha Maria da Penha. As mulheres também podem ligar para o 180, que é a central de atendimento para a mulher em situação de violência.
Por Alcinete Gadelha, G1 AC.