Infelizmente, em uma sociedade carregada de preconceito e desinformação, os autistas ainda são vistos como pessoas incapazes. Na música, é comum ouvir falar da facilidade em aprender a tocar um instrumento de quem tem diagnóstico de autismo.
Cindy ficou espantada com a habilidade recém-descoberta do filho. “A gente descobriu uma habilidade do Davi muito incrível. No primeiro dia de aula ele aprendeu a tocar uma música inteira que a professora ensinou. Ele já pedia há muito tempo, mas eu deixei que ele amadurecesse a ideia, já que é característico de uma criança autista pedir uma coisa e em seguida mudar de ideia. Ele sai daqui mais leve e até as notas melhoraram na escola”, afirma.
Mas se você pensa que a mãe faz alguma insistência para levar o Davi para a escola de música, se enganou. O próprio Davi afirma que ama tocar piano. “Eu gosto muito de tocar piano e quero continuar tocando por muito tempo”. Modesto, diz que toca apenas mais ou menos. “Estou aprendendo a tocar ainda”, diz ao dedilhar uma música completa ao piano sem nenhum erro que seja percebido pelo ouvido amador do repórter.
Os benefícios que a música tem trazido à vida do Davi é a esperança de Marlúcia Aguiar, que também espera que aconteça com seu filho Mateus Henrique. “Eu trouxe ele porque espero que a música proporcione mais tranquilidade. É impressionante a facilidade que ele tem com teclas. Você pode perguntar a professora, é impressionante, ela passa uma vez e ele já aprende”, diz a mãe do Mateus, que vai completar um mês de aulas de piano.
Adanis da Silva é professora da escola Tocando no Ritmo onde os dois alunos estudam. Ela conta o quanto é gratificante ajudar no tratamento dessas crianças. “É muito gratificante. Eu recebo todos os dias elogios pelo que a música tem feito na vida desses meninos. Isso não tem preço. Eu me emociono quando falo nisso porque a gente sabe que o autismo afeta toda a família. Na verdade, apesar do reconhecimento, quem se sente grata pela oportunidade de conviver com esses alunos sou eu. Acho eu aprendo mais do que ensino”, conta.
Por Leônidas Badaró, do AC24horas.