Após oito meses, o ex-superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Acre, Carlos Francisco Augusto Gadelha, deixou o presídio nesta quarta-feira (15). Gadelha estava preso desde maio de 2019, quando a Polícia Federal do Acre (PF-AC) deflagrou a Operação Ojuara.
Gadelha e outras 17 pessoas foram presas preventivamente na operação. De acordo com a polícia, a ação investigou pessoas envolvidas em crimes ambientais cometidos por alguns servidores do Ibama, policiais militares e fazendeiros.
Entre as prisões estavam quatro policiais militares de Boca do Acre (AM), cinco do Ibama no Acre e mais quatro fazendeiros do Amazonas.
A PF-AC informou, na época, que foram apreendidas cinco armas de fogo, munições, um avião monomotor, cinco caminhonetes, 11 tratores, mais de 7 mil cabeças de gado, celulares, mídias e ao menos R$ 800 mil.
A defesa de Gadelha diz que aguarda o cumprimento do alvará de soltura. Porém, disse que só pode comentar sobre o caso posteriormente.
Esquema
A Polícia Federal informou, em coletiva na época, que a quadrilha funcionava em função do desmate ilegal para a criação de gado e arrendamento de terras. Dentro do grupo haviam pessoas destinadas a manter o esquema.
“Essa organização praticava grandes desmatamentos da Floresta Amazônica e envolvia atos de corrupção dos servidores do Ibama, alguns policiais militares do Amazonas e envolvendo ameaças e expulsões de pequenos proprietários rurais, quando foi identificada, inclusive, uma tentativa de homicídio”, disse o delegado da PF que coordenou a operação, Victor Negraes.
Negraes afirma que a quadrilha estava dividida em cinco núcleos que estavam interligados dentro do esquema.
“Tínhamos o núcleo dos desmatadores, que era constituído por fazendeiros do Amazonas e que praticavam reiteradamente crimes ambientais de desmatamento para criação de gado. Em tese, essas terras eram também griladas por estarem em áreas da União e projetos de assentamento. O outro núcleo dessa organização era o de fiscalização, composto por servidores do Ibama, comandado pelo então superintendente regional do órgão e que solicitava vantagens indevidas para que os desmatadores não fossem responsabilizados”, explica o delegado.
Os servidores do Ibama, segundo a PF, multavam ‘laranjas’ e também vazavam informações privilegiadas sobre operações específicas na região. No meio do grupo havia também o núcleo de operadores, que mediavam o esquema entre fazendeiros e servidores federais com o pagamento de propina, segundo a polícia.
Por fim, os policiais militares eram recrutados para manter a segurança das terras griladas e do desmatamento. Além disso, coagiam pequenos proprietários de terras da região.
- Fonte: G1.