O presidente do Irã, Hassan Rouhani, respondeu nesta segunda-feira (6) à ameaça feita pelo presidente americano, Donald Trump, de atingir 52 alvos iranianos se o país retaliasse a morte do general Qassem Soleimani.
“Quem se refere ao número 52 também deve se lembrar do número 290. Nunca ameace a nação iraniana”, escreveu Rouhani no Twitter.
O número 290 se refere às 290 pessoas mortas, em 1988, quando um voo de uma companhia aérea iraniana foi derrubado por um míssil americano. Entre os 290 mortos estavam 66 crianças.
No sábado (4), Trump disse que os Estados Unidos tinham sob sua mira 52 alvos iranianos que seriam atingidos caso o Irã atacasse alvos americanos para se vingar da morte do general Soleimani. O militar iraniano foi morto na quinta-feira da semana passada (2), em um ataque aéreo americano em Bagdá, no Iraque.
O número 52 é uma referência, por sua vez, ao número de reféns feitos pelo Irã, em 1979, quando um grupo de estudantes universitários iranianos tomou a embaixada americana em Teerã. Os reféns, que eram cidadãos americanos – alguns deles diplomatas – ficaram detidos por 444 dias.
A morte de Soleimani intensificou a crise entre Estados Unidos e Irã: desde então, líderes dos dois países vêm trocando ameaças, a mais recente delas a declaração de Rouhani. O programa nuclear iraniano também voltou ao centro das discussões depois que o país anunciou, no domingo (5), que não limitaria mais o nível de enriquecimento de urânio que faz.
O Irã havia concordado em limitar esse enriquecimento com um acordo nuclear firmado em 2015, mas decidiu não respeitar mais essa restrição depois da morte do general.
Mais cedo, também nesta segunda-feira (6), o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que o Irã “nunca deve obter uma arma nuclear”. Ele declarou, ainda, que as missões de treinamento feitas pela organização no Iraque estão suspensas.
“Nós pedimos comportamento responsável e comedimento”, declarou Stoltenberg, que disse que o Irã deve se abster de mais violência.
As falas de Stoltenberg foram feitas durante uma reunião extraordinária da aliança militar, que é formada por 29 países – incluindo Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha – para tratar da crise entre EUA e Irã.
O pronunciamento dele ecoou a declaração de Trump, também desta segunda (6), de que o Irã “nunca terá uma arma nuclear”.
Secretário da ONU faz alerta
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um alerta nesta segunda-feira (6) de que “tensões geopolíticas estão em seu nível mais alto neste século”, e pediu a líderes mundiais que exerçam o máximo de comedimento e reiniciem o diálogo.
Sem nomear países, Gutérres declarou à imprensa que “esse caldeirão de tensões está levando cada vez mais países a tomarem decisões imprevisíveis com consequências imprevisíveis e um risco profundo de erro de cálculo”.