Dezenas de milhares de iraquianos acompanham o funeral do general Qassem Soleiman neste sábado (4) em Bagdá, no Iraque. O militar, chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, foi morto na quinta-feira (2), após um ataque aéreo dos Estados Unidos, ação que aumentou a tensão no Oriente Médio.
O primeiro-ministro iraquiano Adel Abdul Mahdi participou do funeral. Também estiveram presentes Hadi Al Ameri, chefe das forças pró-Irã no parlamento iraquiano; o ex-primeiro-ministro Nuri Al Maliki e vários chefes de facções xiitas.
Durante a procissão, que também carrega o caixão do líder da milícia Abu Mehdi Al Muhandis, morto na mesma operação norte-americana, a multidão gritou “morte à América!”.
O funeral deixou Kadhimiya, um distrito xiita de Bagdá, em direção à Zona Verde, onde há prédios do governo e embaixadas e onde o velório será realizado.
Na manhã de sábado, noite de sexta-feira (3) no Brasil, as Forças de Mobilização Popular disseram que um novo ataque havia atingido um comboio de médicos da organização. Mais tarde, porém, negaram que isso tivesse ocorrido.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, visitou a família de Qassem Soleiman. Aos familiares do general, ele disse que Soleiman “alcançou seu sonho” ao tornar-se um mártir ao lutar pela causa de Deus.
À filha de Soleiman, Khamenei disse que “todo mundo está enlutado e agradecido ao seu pai” e que “essa gratidão se deve à sua grande sinceridade, pois os corações estão nas mãos de Deus”.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, nomeou um novo comandante da Guarda Revolucionária após a morte de Qassem Soleimani. O chefe da unidade especial agora é o major-general Esmail Qaani.
“Após o martírio do glorioso general Qassem Soleimani, nomeio o brigadeiro-general Esmail Qaani comandante da força Al-Qods”, declarou Khamenei em comunicado publicado em seu site oficial. “Qaani serviu por anos ao lado de Soleimani. Tem sido um dos comandantes mais importantes da Defesa Sagrada e serviu com o comandante mártir por muitos anos”, acrescentou.
A unidade militar de elite – considerada uma organização terrorista pelos EUIA – administra as operações do Irã no exterior.
A nomeação de Qaani ocorre enquanto os líderes iranianos prometem vingança.
Na última sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram o envio de cerca de 3 mil soldados ao Oriente Médio após ameaças às forças americanas na região.
Segundo o jornal americano “The New York Times”, que ouviu uma fonte no Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o Pentágono já vinha preparando, nesta semana, 4 mil soldados com base em Fort Bragg, na Carolina do Norte.
Os soldados enviados a partir de agora se unirão àqueles que já estavam no Kuwait.
O comandante da Guarda Revolucionária na província de Kerman, Gholamali Abuhamzeh, disse à agência iraniana Tasnim que ao menos 35 alvos americanos estão ao alcance do Irã no Estreito de Ormuz e que o Irã se reservou o direito de se vingar dos EUA.
“O Estreito de Omuz é um ponto vital para o Ocidente e um grande número de destróieres e navios de guerra americanos passam por lá”, disse Abuhamzeh. Tel Aviv também está na mira de possíveis ataques.
À TV árabe al-Mayadeen, o líder do bloco parlamentar do Hezbollah no Líbano, Mohamed Raad, disse que os Estados Unidos “cometeram um erro” e que terão uma resposta decisiva do “eixo de resistência”, formado por grupos de apoio ao Irã.
Com afinidades políticas com o Irã, China e Rússia condenaram o ataque dos EUA que resultou na morte de Soleimani.
A China expressou sua “preocupação” e pediu “calma”. “Pedimos a todas as partes envolvidas, principalmente aos Estados Unidos, que mantenham a calma e exercitem auto-controle para evitar novas tensões”, disse um porta-voz da diplomacia, Geng Shuang.
A Rússia alertou para as consequências da operação “perigosa” americana, que resultará no “aumento das tensões na região”, segundo o ministério das Relações Exteriores russo.
Já o governo brasileiro disse que não vai se manifestar por não ter o “poderio bélico” dos Estados Unidos.
“Eu não tenho o poderio bélico que o americano tem para opinar neste momento. Se tivesse, eu opinaria”, afirmou o presidente Jair Bolsonaro ao ser questionado sobre como o Brasil via a atitude dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos e a Holanda recomendaram que seus cidadãos que vivem no Oriente Médio e no Iraque deixem os locais por risco de represálias.
No Iraque, a OTAN suspendeu suas operações de treinamento, segundo confirmou o porta-voz da Aliança, Dylan White. “A missão da OTAN continua, mas as atividades de treinamento estão atualmente suspensas”, disse White.