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sexta-feira, novembro 29, 2024

Mandiocais do Juruá estão ameaçados por um fungo capaz de matar a planta no roçado

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Descoberta é de pesquisadores da Embrapa e foi alertado por revista especializado informando que a doença foi constatada inicialmente em 2018 em Mâncio Lima

Pesquisadores acabam de descobrir uma novo fungo capaz de matar os plantios de mandiocas e prejudicar a produção. O fungo foi cientificamente batizado com o nome Rhizoctonia solani AG-1 IA, e tem alto poder de destruição porque deixa a planta como estivesse sido queimada e até mesmo o fruto, ainda que debaixo da terra, tem o fio queimado.  

A descoberta da nova doença nos mandiocais da região está publicada na revista científica Australasian Plant Disease, cuja publicação revelou que os primeiros registro da doença foram constatados em plantios do município de Mâncio Lima, na região do Juruá, maior polo produtor de mandioca do Acre. De acordo com a publicação, a doença ataca a parte aérea da planta e causa perdas na produção. A luta dos pesquisadores agora é para o aprofundamento de pesquisas capazes de contribuírem para o melhoramento genético da cultura e recomendação de medidas eficazes de controle da doença.

A descoberta da doença foi possível a partir de estudos de pesquisadores da Embrapa Acre, Embrapa Meio Ambiente (SP) e Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) em Goiás, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), órgão credenciado para a emissão de Laudos Fitossanitários no País. Em expedições a campo verificamos que cerca de 10% das plantas dos roçados apresentavam características de queima nas folhagens”, disse o pesquisador da Embrapa Acre Amauri Siviero, coordenador dos estudos. “A partir de amostras de materiais infectados, coletados em diferentes cultivos, realizamos testes de patogenicidade para caracterização e reprodução dos sintomas da doença em laboratório. Com base no material isolado, foram feitas análises moleculares e biológicas para identificação do fungo (patógeno). Os resultados nos permitiram concluir que essa doença nunca foi relatada na cultura da mandioca em nenhum país”, acrescentou.

Os pesquisadores cumpriram todos os protocolos de registros da nova doença no Brasil. A confirmação de uma nova praga ou doença na agricultura brasileira exige diferentes procedimentos protocolares de diagnose para identificação e caracterização do agente causal (fungo, vírus, bactéria, nematoides). Os estudos envolvendo a ocorrência da Queima-do-fio em mandiocais acreanos foram iniciados em abril de 2018, a partir de relatos de agricultores que perceberam a morte de um grande número de plantas nos roçados de mandioca, e até a confirmação e publicação dos resultados foram 14 meses de trabalho.

As primeiras pesquisas comprovaram que o gênero Rhizoctonia possui uma diversidade de espécies de fungos que habitam o solo e atacam diferentes culturas de importância econômica. No Brasil, Rhizoctonia solani AG-1 IA ocorre em feijão, café, arroz, batata, soja, milho e seringueira, entre outras, sempre associado à queima e apodrecimento de determinada parte da planta (raízes, folhas e sementes). A sua principal forma de disseminação é pela ação do vento.

“A Queima-do-fio da mandioca provoca a necrose de ramos e folhas que escurecem, secam e adquirem aspecto de queimado, como se um lança-chamas tivesse passado pela lavoura. Os sintomas da doença evoluem rapidamente e as folhas lesionadas se desprendem do caule e ficam penduradas por um fio branco, que é o próprio corpo do fungo”, explica Siviero.

 

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