A Polícia civil do Acre instaurou um processo administrativo disciplinar para investigar o delegado Rêmullo Diniz pelo crime de peculato. A portaria, publicada no Diário Oficial do Acre (DOE) desta semana, afirma que Diniz teria se apropriado de uma quantia em dinheiro indevidamente.
O caso teria ocorrido em agosto de 2017, quando o delegado estava à frente da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Rio Branco.
A portaria do processo não detalha o valor desviado. O dinheiro havia sido apreendido e estava incluído em um inquérito policial no cartório da DHPP.
O delegado disse que prefere se posicionar sobre as acusações na Justiça. “Prefiro me defender na Justiça e depois mostramos tudo”, resumiu.
Diniz é ex-secretário de Polícia Civil e, quando estava à frente do cargo, chegou a ser investigado por ter ligação com um grupo criminoso que atua no estado. A ação ocorreu durante a Operação Sicário.
Durante uma coletiva, na época, o delegado afirmou que tudo não passou de uma tentativa de derrubá-lo do cargo de secretário. Alegou também que nenhum ato de abuso de autoridade foi praticado por ele e também não houve ingerência.
Ainda segundo o processo, em junho deste ano o delegado teria comparecido à DHPP e formalizado uma autodeclaração e juntou a portaria ao processo. Porém, não havia outro delegado ou escrivão da polícia para confirmar o ato.
A polícia destaca que, caso seja comprovada a irregularidade, o servidor cometeu crime contra a administração pública e improbidade administrativa, o que pode resultar na demissão.
“Que as condutas do servidor, em tese, atentam contra princípios da Administração Pública, na medida em que violou deveres de honestidade, legalidade e lealdade às instituições, o que corresponde à transgressão disciplinar”, destaca um trecho da publicação.
O delegado-geral da Polícia Civil determinou abertura do processo e designou uma comissão especial para apurar os fatos.
No dia 31 de janeiro, dois dos quatro delegados responsáveis pelas investigações da Operação Sicário explicaram que as ações iniciaram em abril do ano passado e que Diniz não aparecia no processo ligado à organização criminosa, mas sim como interlocutor entre umas das interceptações com o tenente do Bope Josemar Farias, que está preso suspeito de envolvimento com facções.
No dia 1 de fevereiro, a Justiça do Acre autorizou que o Ministério Público (MP-AC) e a Corregedoria de Polícia Civil investigassem possíveis atos ilícitos e de conduta do secretário.
Durante as investigações, Diniz ainda não era secretário de Polícia Civil, mas respondia pela Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHHP), cargo que ocupou até o final de 2018.
O delegado Sérgio Lopes – um dos responsáveis pela operação – disse, na época, que conforme as investigações iam avançado, foi possível confirmar que o tenente do Bope protegia e promovia o crime organizado de um determinado grupo na capital e também interior.
Entre as diversas interceptações autorizadas pela Justiça, Farias aparecia conversando com o delegado e, nesses diálogos, segundo Lopes, teriam sido constatadas algumas infrações penais.
Por Portal G1 Acre.