O papa Francisco pediu neste domingo (25) um compromisso global para combater as queimadas na Amazônia que, para ele, é essencial para a saúde do planeta.
“Estamos todos preocupados com os grandes incêndios que ocorrem na Amazônia. Vamos orar para que, com o empenho de todos, possam ser controlados o mais breve possível. Esse pulmão florestal é vital para o nosso planeta”, disse ele a milhares de pessoas, na Praça de São Pedro, depois da tradicional oração do Angelus.
A manutenção do regime de chuvas e a biodiversidade, a floresta amazônica não pode ser considerada o pulmão do mundo porque ela consome a maior parte do oxigênio que produz, segundo estudos científicos. O oxigênio da atmosfera é produzido principalmente pela flora marítima.
As florestas também retêm dióxido de carbono, o principal gás de efeito estufa. Quando acontecem as queimadas, a liberação de CO2 acelera o desequilíbrio do clima. São milhões de toneladas de gás elevando a temperatura média do planeta, fora o impacto causado na qualidade do ar das cidades.
O papa argentino, que organizará uma grande conferência mundial sobre a Amazônia neste ano, pediu aos 1,3 bilhão de católicos do mundo que “rezem para que, graças ao empenho de todos, esses incêndios se extingam o mais rápido possível”.
Francisco, eleito pontífice em março de 2013, se reuniu em maio com o chefe indígena Raoni, que foi à Europa para alertar sobre o desmatamento na Amazônia. Em sua encíclica “Laudato si”, em maio de 2015, o papa denunciou a exploração da floresta amazônica por “enormes interesses econômicos internacionais”.
Em janeiro de 2018, o papa visitou Puerto Maldonado, uma cidade no sudeste do Peru, cercada pela floresta amazônica. O pontífice repudiou o que chamou de “forte pressão de grandes interesses econômicos que cobiçavam petróleo, gás, madeira, ouro e monoculturas agroindustriais”.
Duas importantes organizações de bispos católicos divulgaram, nesta semana, notas demonstrando preocupação com o aumento das queimadas na Amazônia. Na sexta-feira (23), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu “providências urgentes” para conter os “absurdos incêndios” e o Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) afirmou na quinta-feira (22) que as queimadas têm “proporções planetárias”.
As queimadas na Amazônia estão entre os temas centrais da cúpula do G7, que está sendo realizada em Biarritz, no sudoeste da França.
As queimadas tiveram destaque no primeiro dia do encontro. O grupo dos países mais avançados do mundo foi unânime em dizer que é preciso cuidar da floresta, mas se dividiu sobre qual deve ser o impacto do assunto no acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
No sábado, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, questionou a ratificação do acordo comercial entre a União Européia e o Mercosul se o Brasil não combater esses incêndios.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que uma das suas prioridades no evento será mobilizar “todas as potências, em parceria com os países da Amazônia”, para combater o desmatamento e investir no reflorestamento.
“A Amazônia é nosso bem comum. Estamos todos envolvidos, e a França está provavelmente mais do que outros que estarão nessa mesa [do G7], porque nós somos amazonenses. A Guiana Francesa está na Amazônia”, afirmou Macron, em cadeia nacional antes do G7.
O Ministério da Economia aprovou, no sábado (24), a liberação de R$ 38,5 milhões para o combate de queimadas na região da Amazônia.
G1