Uma semana após ter o mandado de prisão preventiva decretado pela Justiça do Acre, o policial federal Dheymersonn Cavalcante segue solto. A informação foi confirmada, nesta terça-feira (16), pelo delegado responsável pelo caso, Martin Hessel.
Cavalcante foi indiciado por homicídio doloso qualificado pela morte da filha de dois meses. Em reportagem publicada no último dia 9 de julho, o policial, que está em Maceió (AL), disse que, caso a prisão preventiva fosse decretada, iria recorrer.
A pequena Maria Cecília, filha de Cavalcante, morreu após tomar duas mamadeiras de leite artificial, no dia 8 de março deste ano. A mãe do policial, Maria Gorete, também foi indiciada por homicídio qualificado.
O advogado de Cavalcante, Kaio Marcellus, informou que seu cliente aguarda a intimação da Justiça. Segundo ele, o policial deu o endereço atualizado, mas até o momento não foi intimado.
“Ele forneceu o endereço atualizado e está aguardando a intimação. Como é em Maceió, é expedida uma carta precatória para que seja cumprido por um oficial de justiça de lá. Ele está à disposição do poder judiciário para cumprir a decisão judicial. Em nenhum momento ele vai buscar se furtar, nem se evadir do local”, disse o advogado.
O delegado afirmou que o mandado de prisão segue em aberto. “Até o momento não foi cumprido e ele também não se apresentou. Não fizemos diligência aqui no estado, porque sabemos que ele está em Maceió e também não sei dizer se houve diligência lá. Tacitamente, considerando que ele tinha conhecimento sobre o mandado, considero como foragido”, afirmou.
Morte por broncoaspiração
O laudo apontou que a causa da morte foi broncoaspiração – insuficiência respiratória e obstrução das vias aéreas causadas pela quantidade de leite ingerido.
Para a mãe da criança, a enfermeira Micilene Souza, o policial premeditou a morte da menina junto com a mãe dele porque não queria pagar pensão alimentícia. Micilene, que é de Marechal Thaumaturgo, interior do Acre, estava em Rio Branco para fazer um exame de DNA.
Bebê ingeriu 11 vezes mais leite
Foram inseridas no inquérito mais de oito perícias, desde a quebra de sigilo telefônico, extração de dados de telefone, tanto do policial como a mãe da criança, que disponibilizou todas as conversas deles nos aplicativos de mensagens.
“Ficou muito claro que a mãe informou aos dois que a criança não poderia ingerir outro alimento que não fosse o leite materno e o leite materno que ela ingeria, era na quantidade de 10 ml. Essa criança tomou duas mamadeiras, o que dá 120 ml”, disse.
O delegado disse que durante toda a investigação, as equipes médicas que prestaram atendimento à pequena Cecília informaram que a quantidade de leite ingerida pela criança era excessiva para a idade dela, dois meses.
Morte da bebê
A bebê de apenas dois meses morreu em 8 de março, no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), depois de ingerir duas mamadeiras de leite artificial.
A mãe e a criança tinha viajado de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, para a capital acreana dias antes de a menina morrer para fazer o teste de DNA pedido pelo policial. Micilene contou que quando descobriu que estava grávida ele se negou a registrar ou dar qualquer assistência.
A enfermeira relatou que o policial chegou a pedir para que ela interrompesse a gestação. Ainda segundo ela, Cavalcante insistiu para vê-la durante a gestação e, em dezembro do ano passado, eles se encontraram em um hotel em Cruzeiro do Sul. De acordo com ela, foi lá que o policial teria tentado fazê-la abortar ao dopá-la.
O resultado do exame de DNA, divulgado no início de abril, confirmou que o policial federal Dheymersonn Cavalcante é pai da pequena Maria Cecília.
Por Iryá Rodrigues – G1