Governador é criticado pela contratação e seus aliados usam exemplo da aquisição do helicóptero “João Donato” como uma necessidade para o Estado
A Assembleia Legislativa retomou suas atividades pós-recesso parlamentar na manhã desta quarta-feira (31) debatendo dois assuntos que estão na ordem do dia, nas redes e rodas sociais em todo o Estado: o aluguel de um avião a jato para ficar à disposição do gabinete do governador Gladson Cameli e o assalto frustrado ao desembargador Francisco Djalma da Silva, presidente do tribunal de Justiça do estado do Acre (TJAC), na noite da última segunda-feira (29), num restaurante no centro de Rio Branco. Deputados de apoio ao governo e de oposição se revezaram na tribuna dizendo que os dois assuntos refletem o momento que o Estado está passado.
A maior parte da sessão foi presidida pelo vice-presidente do Poder, deputado Jenilson Leite (PCdoB), já que o presidente Nicolau Júnior (PP) teve que ausentar-se do plenário para despachos administrativos, informou a assessoria. Ele evitou fazer declarações sobre os dois assuntos em discussão. “Vamos deixar que os debates esclareçam quem tem ou não razão sobre o assunto”, disse.
“Vivemos um momento delicado em que o Estado não pode se dar ao luxo de ter luxo”, disse o deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), um dos líderes da oposição, ao falar sobre o aluguel do avião a jato pelo governador. “Temos problemas na saúde, na segurança pública, na educação e por isso não podemos nos permitir ter esse tipo de contratação porque o momento é de sacrifício para todos. Além disso, o Acre só dispõe de dois aeroportos, o de Rio Branco e o de Cruzeiro do Sul, que comportam operações do tipo de aeronave contratada pelo governador ao preços que, a nosso ver, a economia do Acre não comporta”, acrescentou outro líder das oposições, o deputado Daniel Zen.
” Se o governador vai viajar para dentro do Acre, para os municípios, ele pode utilizar-se do helicóptero que o Estado já dispõe. E para viajar para fora do acre, ele pode muito bem utilizar-se dos aviões de carreira”, acrescentou Magalhães. “Por isso eu peço: governador nos poupe disso e evite este absurdo”.
Deputados de apoio ao governo, como Antônia Sales (MDB), também já se manifestaram contrários à ideia. Na área federal, em relação ao assunto, o governador também vem enfrentando críticas de aliados, como o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e a deputada Mara Rocha (PSDB-AC). Petecão defende que Gladson Cameli esqueça essa ideia e Mara Rocha, que vem a ser irmã do vice-governador Wherles Rocha, também já manifestou o descontentamento com a aquisição do avião.
A assessoria do governador informou, antes da reabertura dos trabalhos na Assembleia, que ele iria voltar atrás em relação à assinatura do contrato para a o aluguel do avião ao preço de R$ 5,2 milhões anuais. Mesmo havendo esta informação, o Diário Oficial do Estado (DOE) circulou com a homologação da licitação que contratou o avião com a assinatura do chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade. Além disso, a defesa que o líder do Governo, deputado Luis Tchê (PDT), fez sobre a contratação, alimentou as especulações de que o governador, apesar do anúncio de recuo, vai manter o aluguel da aeronave.
Luis Thcê defendeu o governo lembrando a aquisição, pelo Estado, ainda na administração do então governador Binho Marques (PT), do helicóptero batizado de “João Donato”, a um custo de R$ 8 milhões na época. Tchê, que era deputado e aliado do Governo petista na época, disse que a aquisição foi muito criticada também mas, com o tempo, restou comprovado a necessidade e a eficácia do helicóptero, principalmente em deslocamentos a áreas de difícil acesso, “para salvar vidas”. Perguntou o deputado: “quantas vidas foram salvas por este helicóptero¿”.
“PT é fábrica de bandido”, diz deputado neném Almeida
O mesmo, segundo ele, ocorreria em relação ao avião a jato contratado pelo governador. O deputado apelou inclusive para o drama da explosão de um barco ancorado no porto do bairro do Mirtizal, no rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, em maior deste ano, que matou quase uma dezena de pessoas e feriu outras. De acordo com o deputado Luis Thcê, muitas das pessoas que morreram em função do acidente, foram a óbito porque não conseguiram ser transportadas a tempo de serem submetidas a tratamento especializado em outros centros, para onde algumas foram levadas mas não puderam ser alvas. “Se o avião já tivesse sido contratado e tivesse ajudado no transporte dos feridos, talvez pudéssemos termos salvo mais pessoas daquela tragédia”, disse o líder do Governo.
Sobre o assalto frustrado ao carro do desembargador Francisco Djalma, o deputado Daniel Zen acrescentou que este é um bom exemplo de que os recursos investidos na contratação do avião deveriam ser investidos no sistema de segurança. “Isso mostra que os bandidos não respeitam mais a ninguém e estão agindo de forma absoluta”, disse o deputado sobre a ocorrência envolvendo o magistrado.
Em resposta, o deputado Neném Almeida (Solidariedade), da bancada de sustentação ao governo, disse que, apesar da violência ainda reinante em todo o Estado, principalmente na Capital os números atuais são menores do que aqueles registrados ao longo do governo passado, da era petista. “O PT é uma fábrica de bandidos”, acusou o deputado. “Não só os produz como os defende”, acusou.