Na segunda-feira (1) o Ministério Público Federal revelou a denúncia feita pelo orgão e já aceita pela justiça, de um grupo de caçadores que agiam no interior do Acre. Um deles chamou a atenção, o dentista Temistocles Freire que teria matado desde 1987 mais de mil animais desta espécie.
Temístocles é acusado de fazer parte de uma quadrilha que agia na Fazenda Cacau, no interior do Acre.
Diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, revelam que como els agiam.
TEMÍSTOCLES: (…) É igual à caçada. Eu vou porque eu sou viciado (incompreensível) cem reais de diesel.
MÁRCIO: Mas gasta. Eu sei, meu amigo.
TEMÍSTOCLES: (…) eu gastava uns duzentos e cinquenta, trezentos reais de diesel(incompreensível). Fui quarta, fui hoje, vou amanhã de novo.
MÁRCIO: É.
TEMÍSTOCLES: E assim vai. (incompreensível). É minha diversão. Não bebo, não fumo. Minha diversão é essa.
MÁRCIO: Pois é.
Em outra conversa, desta vez com uma pessoa identificada como Cacau, o dentista revela o ‘modus operantis’: tocar cuíca para atrair os animais, eles também usavam carniça para atraí-los, e cães para acuá-los.
TEMÍSTOCLES: Depois do meio-dia, pra frente, eu vou, que eu vou levar a cuíca e vou tocar ali, né. Naquela área. Ela tá andando pro fundão, pra área da Marilza,ou é ali mesmo pra sede?
CACAU: Não. Antes de quebrar a taboca ali, ela tava andando ali na sede. Pegou um bocado de carneiro, pegou um bezerro em desmame e um potrinho, o potro melhor que eu tinha.
TEMÍSTOCLES: Eu vou tocar cuíca, a partir de seis e meia da noite, umas três horas.
Ela chegando ali, ela vai. E os trator, ela gosta da zuada.
Além de Temístocles, também viraram réus na ação penal Gilson Dória de Lucena Júnior (médico), Sinézio Adriano de Oliveira Júnior (servidor do Poder Judiciário), Gilvan Souza Nunes (agricultor), Gisleno José Oliveira de Araújo Sá (agente penitenciário), Manoel Alves de Oliveira (eletricista), Sebastião Júnior de Oliveira Costa.
Durante a investigação, os policiais encontraram fotos e vídeos dos caçadores em ação, além do grampo telefônico com o registro das conversas.
Uma das fotos divulgada pela PF mostra Temístocles manipulando uma onça morta ou anestesiada. Outras imagens são do bando com animais mortos. Em uma delas, um homem puxa a orelha da onça caída. Outra exibe duas onças penduradas pelo pescoço.
Há ainda uma onça morta carregada por um caçador.
Segundo o MPF, em apenas três meses de monitoramento policial, foram registrados onze episódios de caçadas, e apenas neste período foram mortos cerca de oito onças pintadas, treze capivaras, dez catetos e dois veados mateiros.
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