Um dos pacientes que foi transferido de Cruzeiro do Sul para a unidade de Queimados do Hospital João XXII, em Belo Horizonte, não resistiu e outros cinco continuam em tratamento na capital mineira. Desses, apenas uma criança de 4 anos apresenta boa recuperação e quatro continuam em estado grave.
Antônio José de Oliveira da Silva, de 33 anos, morreu no último dia 15 após uma semana da explosão de um barco que deixou 18 pessoas feridas no porto de Cruzeiro do Sul. Ele foi um dos 6 pacientes que foram transferidos para o hospital João XXII, que recebeu os feridos em estado mais delicado.
A unidade de BH também está cuidando de Valdir Torquato da Silva, de 51 anos, que continua em estado de saúde complicado. Ele teve queimaduras em 80% corpo e, de acordo com a família, está com um dos rins paralisado e deve passar por um transplante.
A irmã do paciente, Eliete Rodrigues da Silva, de 21 anos, que está acompanhando o tratamento, já está passando por uma série de exames para avaliar a compatibilidade do órgão para fazer a doação de um de seus rins para o irmão.
“Ele está fazendo hemodiálise e está com quatro dias que comecei a fazer os exames para saber se posso fazer a doação de um rim para ele. Se der certo, eu vou doar”, disse Eliete.
O filho de Silva, Paulo Vítor da Silva, de 4 anos, que teve 25% do corpo queimado, também está no mesmo hospital. O menino é o único que já teve um processo de evolução mais confortável mo quadro clínico.
Segundo a tia dele, a criança já voltou a falar, mas continua sob efeitos de sedativos, pois quando acorda fica desesperado chamando pelo pai.
O dono da embarcação que pegou fogo, Francisco Luna, de 62 anos, é outro paciente que ainda está em situação de risco. Desde que foi levado para BH com queimaduras de 1, 2 e 3 graus em 90% do corpo, Luna não responde a estímulos e continuam na UTI bastante debilitado. Somente neste domingo (23), foi que ele deu pequenos sinais de esperanças para a família.
“O médico disse que ele ainda corre muito risco, porque a pressão dele cai e de repente sobe de uma vez. Mas, estava mais controlado, comparando com os outros dias ele apresentou melhora. Com isso, a gente fica com mais esperança, porque é a última que morre, mas desde quando ele chegou aqui não fala, não abre os olhos e não faz nada”, disse o filho do paciente, Rafael Luna.
Os outros dois pacientes que estão em BH sob cuidados especiais na UTI, apesar de apresentarem uma pequena evolução no estado de saúde, ainda estão sob risco de perder a vida. De acordo com Rafael Luna que acompanha o pai e está em contato constante com os familiares que acompanham os outros pacientes, ainda não há previsão de alta de nenhum dos feridos que estão no hospital João XXIII.
“Aqui ainda não tem nenhum bem não, porque nós vistamos todos juntos e compartilhamos quando saímos. Ontem [domingo,23] quando fomos fazer a visita os médicos estavam em uma correria e não deixaram nem a gente visitar porque foram tirar a sedação de um deles e ele passou mal e teve que ser sedado novamente. Então, não tem nenhum bem aqui, porque o Humberto está do mesmo jeito do pai, o Valdir também está muito delicado e o Tena também. Só a criança que melhorou”, explicou Rafael Luna.
Mortes
Quatro pessoas não resistiram e morreram após o acidente. São elas:
– Antônio José de Oliveira da Silva, de 33 anos, morreu no sábado (15), no hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG).
– Antes dele, já tinha ido a óbito Simone Souza Rocha, de 24 anos, que morreu no dia 9, ainda em Cruzeiro do Sul.
– Marluce Silva dos Santos, 38 anos, também seria encaminhada para Minas Gerais, mas também não resistiu e morreu no dia 11, no Hospital do Juruá.
– Um bebê que estava em tratamento em Rio Branco, filha de Marluce, também não resistiu.
Cinco pacientes continuam internados na Unidade de Queimados do Hospital João XXIII, sendo que o estado de saúde de 4 ainda é considerado gravíssimo. Apenas uma criança de 4 anos que teve queimaduras em 25% do corpo apresentou melhora.
Mais quatro feridos estão em tratamento na Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília e mais dois estão em Goiânia. Outras três pessoas tiveram ferimentos mais leves e não precisaram ser transferidas para unidades especializadas, esses já tiveram alta médica.
Por Mazinho Rogério