Placa solar artesanal de R$ 30 leva primeiro ponto de luz para casa sem eletricidade no interior do Ceará

“Na era em que nós vivemos, ainda encontrarmos pessoas que não têm energia dentro de casa, a gente fica impressionado”. Essa foi a constatação de Flávio Teixeira, radialista e eletricista por hobby, ao visitar a dona de casa e agricultura Maria Lúcia de Sousa, que vive com o marido e as duas filhas em uma casa sem energia elétrica há oito anos.

A residência fica na zona rural de Itapipoca, município no Norte do Ceará, e era iluminada apenas por uma pequena lamparina a gás, que custava à família o valor de R$ 15 mensais, além do incômodo da fumaça. Após a visita de Flávio, radialista que a dona de casa costuma ouvir no rádio de pilha, a realidade da família começou a mudar. “Era uma escuridão e ele colocou um bico de luz pra gente”, relata Maria Lúcia.

Com R$ 30, uma bateria de notebook e um painel de LED, Flávio criou um painel solar artesanal que gera energia suficiente para acender uma lâmpada, a primeira da casa da família. “Lá em cima da casa tem um painel solar que carrega uma bateria e, dentro, tem um interruptor que faz a recarga da bateria”, descreve ele.

Com a eletricidade gerada pela placa solar artesanal, a casa de Maria Lúcia agora tem a primeira lâmpada. — Foto: Reprodução/ TV Verdes Mares

As células contidas na bateria do notebook, explica o inventor, geram cerca de 12 volts e iluminam o único ponto de luz da casa, que apesar de pouco, já mudou a rotina da família. Se antes Andressa e a irmã mais nova tinham que “aproveitar a luz do dia para brincar e estudar”, agora podem usufruir do ponto de luz até as 22h, quando a família desliga a lâmpada e vai dormir.

Abastecimento ainda não chegou

Maria Lúcia reconhece a transformação causada pela iniciativa do radialista, mas desabafa que a falta de abastecimento dificulta a rotina. “Tenho ainda muita vontade de ter energia na minha casa, comprar geladeira, tomar água gelada, ter uma televisão para assistir o jornal e ver o que está acontecendo no mundo”, sonha.

Andressa Sousa, a filha adolescente, também lamenta a falta de eletricidade. “Sinto falta da luz para gente pesquisar e estudar. Não é tão ruim, porque a gente já se acostumou, mas é difícil”, lamenta.

A família mora no local há oito anos e, na época da mudança, solicitou instalação elétrica à companhia elétrica. A Enel Distribuição Ceará, responsável pelo abastecimento de energia do estado, entrou em contato com a reportagem e vai em busca da família para avaliar a situação e ver o porquê de não ter ocorrido a instalação de energia no local.

G1