O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) recebeu denúncia contra Rosana Auri da Silva Cândido, de 27 anos, e Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa, de 28 anos. As duas vão responder pela morte do menino Rhuan Maycon da Silva Castro, de 9 anos.
Segundo as investigações, Rosana – que era mãe da criança – e a companheira dela, Kacyla, assassinaram o menino e esquartejaram o corpo no dia 31 de maio, em Samambaia, no Distrito Federal. Em seguida, o casal jogou partes do corpo em um bueiro.
A denúncia foi aceita pelo Juiz Fabrício Castagna Lunardi, do Tribunal do Júri de Samambaia, na última quinta-feira (21). O magistrado manteve a prisão preventiva das duas mulheres e determinou a quebra do sigilo telefônico das acusadas.
O juiz também decretou que o processo corra em segredo de Justiça, para preservar a intimidade dos menores envolvidos no caso. Uma outra criança, uma menina de 8 anos, filha de Kacyla vivia com o casal.
O TJDFT deve marcar audiência de instrução para ouvir testemunhas e analisar provas. Depois, o juiz vai decidir se Rosana e Kacyla devem ser levadas a júri popular.
‘Sentimento de ódio’
O promotor Tiago Dias Maia denunciou Rosana e Kacyla pelos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal gravíssima, tortura, ocultação e destruição de cadáver, e fraude processual. A denúncia, feita à Justiça no dia 18 de junho, afirma que o crime foi cometido por motivo torpe – repugnante – e que a mãe do garoto foi a mentora do assassinato.
“Rosana nutria sentimento de ódio em relação à família paterna da vítima. Kacyla conhecia os motivos da companheira e aderiu a eles”, diz o MP.
No documento, o promotor detalha o crime e afirma que o garoto foi esfaqueado e decapitado. Rosana, a mãe de Rhuan, teria sido responsável por desferir os golpes contra ele, enquanto Kacyla a apoiava “moralmente ao planejar e garantir auxílio posterior à consumação do homicídio para apagar as provas do crime”.
“Antes do crime, as denunciadas planejaram como executariam a criança e como destruiriam e ocultariam seu cadáver”, destaca o promotor.
Tortura e lesão corporal
Além do homicídio, Rosana Auri e Kacyla Pryscila foram denunciadas por lesão corporal gravíssima e tortura. Segundo a denúncia, Rosana tirou o filho dos cuidados dos avós paternos, no Acre, levando-o para conviver com ela e sua companheira às escondidas dos demais parentes. Já com a guarda do menino, a mãe teria passado a torturá-lo.
“Com apenas 4 anos de idade, Rhuan passou a sofrer constantes agressões físicas e psicológicas e a ser constantemente castigado de forma intensa e desproporcional, ultrapassando a situação de mero maltrato”, diz a denúncia.
O texto também afirma que as duas denunciadas “castraram e emascularam a vítima clandestinamente” e “impediram que Rhuan tivesse acesso a qualquer tratamento ou acompanhamento médico”.
Segundo a denúncia, para esconder os abusos, as acusadas costumavam mudar de cidade e residência. “Registre-se que as denunciadas procuravam se ocultar, mudando frequentemente de endereço, a fim de que não fossem encontradas pelos familiares paternos da vítima e da filha da denunciada Kacyla.”
Já as acusações de ocultação de cadáver e fraude processual dizem respeito às tentativas da dupla de se desfazerem do corpo de Rhuan e dificultarem as investigações. Elas tentaram queimar o corpo do garoto e jogaram parte dele em um bueiro, em Samambaia.
Além dos registros na delegacia, a família fazia buscas pelo menino através das redes sociais, como mostra uma postagem feita em 2015 — Foto: Reprodução/Facebook
O crime
O corpo de Rhuan Maycon foi encontrado na madrugada do dia 1º junho, esquartejado, dentro de uma mala deixada na quadra QR 425 de Samambaia, no DF. As partes da vítima foram localizadas por moradores da região.
A mãe do menino, Rosana Cândido e a companheira dela, Kacyla Pryscila, foram presas na casa onde moravam com o menino e com a filha de Kacyla, uma menina de 8 anos.
Em depoimento à polícia, Rosana contou que “sentia ódio e nenhum amor pela criança”. A Polícia Civil do DF concluiu a investigação e indiciou Rosana e Kacyla por homicídio qualificado, tortura, ocultação de cadáver, lesão corporal gravíssima e fraude processual – porque tentaram limpar o local onde o menino foi assassinado.
Em 2016, Justiça havia expedido mandado de busca para que a criança fosse devolvido ao pai, que tinha a guarda provisória — Foto: Arquivo pessoal
Sequestro
Rhuan Maycon, de 9 anos foi sequestrado em 2014, pela mãe, Rosana Auri da Silva Cândido, de 27 anos, do Acre. Segundo a família, Rosana fugiu do estado com a criança, a companheira Kacyla Pessoa e a filha da companheira, uma menina de 8 anos.
O pai de Rhuan tinha a guarda do menino, dada pela Justiça do Acre. A família chegou a registrar um boletim de ocorrência após o sumiço do garoto.
A filha de Kacyla, que estava na casa e presenciou o momento que Rhuan Maycon foi morto, voltou para o Acre em 15 de junho. A garota estava sob proteção do Conselho Tutelar desde o dia em que a mãe foi presa, no DF.