Economia local: cortes no setor público e colapso no setor privado

Nossas cidades e nosso estado têm uma economia dependente dos vencimentos do setor público e da prestação de serviços vinculados.

Se esse não é o modelo econômico ideal para garantir o desenvolvimento sustentável de nossa região, tampouco a ruptura abrupta com essa relação se mostra como alternativa eficaz.

Nos últimos dias, motivado por uma série de protestos, o tema “cortes na educação básica e superior” tomou conta das redes sociais e o que se viu foi uma série de debates conduzidos à sombra das paixões políticas ao invés de se optar pela luz dos interesses econômicos e sociais.

Os cortes ou contigenciamento, como queiram chamar, detém forte impacto no setor de prestação de serviços. Esse tipo de atividade tem como principal contratante o serviço público e figura entre um dos principais setores de nossa economia (local) afetados pela crise.

O resultado de cada corte nos recursos públicos da administração direta ou indireta resulta de modo inevitável em desemprego e consequentemente numa reação em cadeia junto a inciativa privada, principalmente no comércio varejista que, com as vendas limitadas a semana de pagamento dos servidores e trabalhadores do setor público, acaba tendo que demitir trabalhadores agravando a crise econômica e social.

Essa relação de dependência econômica entre o serviço público e a inciativa privada é uma característica forte de nossa sociedade (regional) e qualquer tentativa de transição deve considerar investimentos e um criterioso planejamento estratégico de médio e longo prazo.

Desta forma, principalmente considerando a uniformidade dos cortes de recursos, que oferecem impactos diferentes para as mais diversas regiões do Brasil, faz-se necessário que todos atores sociais tenham a exata noção de que se, por exemplo, os cortes não afetam a economia de cidades como a de São Paulo, estes podem ser fatais à economias como as das cidades acrianas.

Nesse momento, faz-se necessário ter exata noção de protecionismo econômico regional, já que lojas e supermercados vazios numa região como a nossa, expressam o resultado de uma relação direta com a capacidade de investimento e contratação do serviço público. Qualquer divisão social nesse momento, principalmente alicerçada em ideias contrárias à entrada de recursos em nossas praças comerciais é sinônimo do desejo insensato de autodestruição econômica e social.

Marcelo Siqueira