A partir de uma proposição do deputado Daniel Zen (PT), a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) recebeu, nesta quinta-feira, 9, a sociedade civil e líderes sindicais para debater as consequências da reforma da previdência proposta pelo Governo Federal. O parlamentar afirmou que o objetivo é fazer com que maio seja o mês de jornada contra a Reforma da Previdência apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
“Esse calendário teve início no dia primeiro e continuará por todo o mês de maio. Sabemos que um dos temas mais pertinentes para a sociedade brasileira é a Reforma da Previdência, essa cruel proposta que sacrifica idosos, trabalhadores rurais, pessoas com deficiência e os mais humildes. Estamos reunidos aqui, porque precisamos lutar contra ela, precisamos trazer os holofotes para este debate. Não vamos aceitar as chantagens do governo Federal”, enfatizou Zen.
Ao fazer a abertura da sessão, o presidente em exercício do Poder Legislativo, deputado Jenilson Leite (PC do B) destacou a importância do debate. “Diante de uma página na história do país em que muitos dos direitos que conquistamos estão em cheque, esse debate não poderia ser mais oportuno. A união dos sindicatos será essencial para travar mais uma luta importante em defesa do povo brasileiro, do povo acreano”, disse.
Rosana Nascimento, presidente da CUT, afirmou que as entidades sindicais preparam para 15 de maio um dia de protesto dos servidores da educação contra a Reforma da Previdência. “Estamos tendo um ataque violento contra a educação, estão querendo fazer a privatização deste setor e o exemplo disso são os cortes no orçamento das universidades. Privatizar é tirar a oportunidade das pessoas pobres de ter um curso superior. Nós não podemos cruzar os braços. Nós vamos à luta no dia 15 de maio, esperamos todos às 8h em frente ao Palácio Rio Branco”, disse.
Para Suzi Cristine, presidente do Sindicato dos Correios, a Reforma da Previdência não traz vantagem nenhuma para a maioria dos brasileiros. “Estou tão indignada com essa reforma e o pior de tudo é que nós estamos lutando para defender o óbvio. É tão óbvio que a proposta não traz vantagem nenhuma para a maioria dos brasileiros, o que eles estão querendo é transformar o trabalhador num burro de carga para levar nas costas todos os problemas econômicos do país. A reforma só trará alívio para os sonegadores do país”, frisou.
Já Marcelo Jucá, presidente do Sindicato dos Urbanitários, fez duras críticas às medidas tomadas pelo presidente Bolsonaro desde que assumiu o governo. “O povo brasileiro não pode ficar calado diante dos absurdos que o Bolsonaro está praticando com o Brasil. Que fique bem claro que nós não iremos aceitar o que ele está fazendo contra o trabalhador, é cruel demais. Essa Reforma da Previdência prejudica os que mais trabalham no país, isso é injusto demais”, salientou.
Segundo Eudo Rafael, presidente do Sindicato dos Bancários do Acre, um dos golpes da Reforma da Previdência é o da desconstitucionalização das mudanças da Previdência. “Qualquer governo de plantão poderá, a qualquer momento, tirar mais direitos dos brasileiros da noite para o dia, mesmo que a reforma já tenha sido aprovada, e isso poderá acontecer sem que a gente possa reagir”, disse.
Representando a Comissão de Direito Previdenciário da OAB, Rose Figueiredo disse que a proposta veio para dificultar ainda mais a vida dos trabalhadores brasileiros. “A OAB está totalmente engajada nessa luta, nós estamos, inclusive, organizando uma audiência púbica para também debater sobre o assunto com a população. Estamos fazendo um estudo mais aprofundado para podermos dar mais ênfase a essa discussão”, ressaltou.
Para João Cabral, presidente da Intersindical no Estado, é necessária uma maior participação dos parlamentares acreanos no debate. “São poucos os deputados acreanos que estão com a gente nessa luta, são poucos os partidos que entraram nessa briga, isso me causa até vergonha. Num Estado onde tudo está tão difícil as coisas tendem a piorar ainda mais com as medidas que estão sendo adotadas pelo governo federal. Portanto, os nossos parlamentares precisam se manifestar”, salientou.
José Uchoa, presidente da CTB no Estado, fez questão de destacar o engajamento dos movimentos sindicais na luta contra a Reforma da Previdência. “Hoje, este parlamento faz história, essa discussão não poderia ser mais oportuna levando em consideração o momento delicado que vivemos no país. Está havendo uma onda avassaladora de conservadorismo e isso é preocupante demais. Nós precisamos lutar e a união dos sindicatos nunca foi tão importante”, afirmou.
O deputado Edvaldo Magalhães finalizou as falas e pontuou a renovação da esperança que todos ali, reunidos, davam para a sociedade: “Nós precisamos valorizar este momento, este encontro de hoje. Quem conhece o movimento sabe que há décadas não se conseguia unir, no mesmo espaço, essa diversidade de movimentos, organizações. A desgraça está tão grande que está unindo todos nós, porque o tiro, meu amigo, é de canhão e atinge todos nós. Fico feliz em saber que há um ambiente se construindo favorável à resistência, nós não vamos nos calar”.
A solenidade contou com a participação de presidentes de diversos sindicatos, Urbanitários, Correios, vigilantes, bancários e representantes da OAB, além de vereadores e deputados estaduais.
Com informações de Mircléia Magalhães (Agência Aleac)
Fotos: Sérgio Vale