Depois de três meses do acidente que matou o marido e outro colega de trabalho, a chefe do setor de manutenção do hospital do Juruá, que ficou gravemente ferida na explosão de um ar-condicionado, no dia 4 de janeiro deste ano, em Cruzeiro do Sul, voltou a trabalhar nesta segunda-feira (8).
No primeiro dia que voltou à unidade logo após a tragédia, Maria da Conceição, de 40 anos, foi recepcionada pelos servidores da unidade e contou que ainda luta para superar o trauma psicológico do dia em que perdeu o marido.
Ela foi recebida com um café da manhã. Segundo ela, os ferimentos provocados pela explosão já foram cicatrizados, mas ainda está tentando evitar se emocionar ao lembrar do ocorrido.
“Hoje o meu estado físico não me impede de voltar a trabalhar. O que vou ter que recuperar é o psicológico, porque a gente sente a falta da pessoa. Eu tenho medo até de um cachorro que bate na porta. Tive que mandar gradear a minha casa todinha. Mas, da condição física estou bem e, por isso, voltei ao trabalho”, conta Maria.
Ao chegar no hospital onde ocorreu a tragédia, a servidora se emocionou e lembra dos momentos que esteve ao lado do marido, Marcelo Correia, de 44 anos, que foi vítima da explosão. Segundo ela, ainda não teve coragem de voltar ao local do acidente.
“No primeiro dia não tem foi fácil. Sei que tenho que ser forte, porque cada canto que passo eu vejo as coisas que a gente fazia e é ruim. Mas, no local do acidente não consegui ir lá ainda e nem sei se vou ter coragem. Acho melhor focar nas outras coisas que tenho para fazer dentro do hospital. Tenho fé que será só nos primeiros dias e eu vou conciliar com a saudade e superar”, falou.
Dois servidores morreram em acidente no Hospital do Juruá — Foto: Arquivo pessoal
O acidente
Marcelo Correia e Érisson Guedes foram atingidos pelos estilhaços da unidade condensadora e de um ar-condicionado e dos equipamentos de solda que explodiram em um depósito de materiais onde os dois servidores faziam manutenção nos aparelhos. Correia morreu no momento da explosão e Guedes ainda foi submetido a uma cirurgia, mas também não resistiu.
A chefe do setor de manutenção que estava no local também foi atingida pelos estilhaços, mas conseguiu sobreviver. Ela passou por duas cirurgias e ficou mais de uma semana na UTI e recebeu alta no dia 17 de janeiro.
Sobre o que provocou a explosão, Mariazinha disse que os servidores estavam utilizando um maçarico de solda para a manutenção do ar-condicionado. No entanto, ela não sabe explicar onde houve a falha que causou o acidente. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o ocorrido, mas as investigações ainda não foram concluídas.