Dá para contar nos dedos das mãos as vezes em que Lionel Messi concedeu longas entrevistas na carreira. Ver o craque falar é difícil. Só que, diante do momento delicado na seleção argentina, após derrota contundente para a Venezuelae às vésperas de uma Copa América que pode ser das últimas chances que tem de conquistar um título com a camisa albiceleste, ele resolveu se pronunciar.
Em extensa entrevista por telefone à rádio argentina “Club Octubre 94.7”, Messi se defendeu das críticas, mas sem criar alardes ou dar início a uma caça às bruxas. Citou, inclusive, uma situação familiar.
“Meu filho de seis anos me pergunta por que me criticam tanto na Argentina”, contou ele. “Eu digo que são só alguns, e nada mais. Ele sabe que as pessoas gostam de mim.”
– Não temos que dizer que amamos a seleção toda hora. Sou profissional e amo a seleção. Caso contrário, não teria ido mais. Ninguém me obriga a estar lá. Eu demonstro meu carinho de outra maneira, não tenho que provar nada a ninguém.
“Quando decidi voltar, muita gente foi contra. Eu quero ganhar alguma coisa com a seleção, quero estar lá e jogar todas as coisas importantes”, afirmou.
Messi reconheceu, por exemplo, o quanto foi doloroso cair nas oitavas de final da última Copa do Mundo para a França. E justificou o tempo em que ficou afastado da seleção depois disso, retornando só na semana passada, depois de quase um ano.
– Custei a voltar porque foi um golpe muito duro, um dos piores que já me aconteceu. Pensei em me aposentar (da seleção), ficar com a minha família e esquecer o Mundial. Eu tinha que me isolar de tudo e me isolar um pouco da seleção – lembra ele.
“Tudo foi muito mal desde o princípio, foi complicado. Classificamos com muita sorte, e a França não nos deu tempo para nada. Lamentavelmente não foi o que nós queríamos e esperávamos”, disse.
Já que o assunto era Copa do Mundo, o vice-campeonato no Brasil, em 2014, foi recordado durante a conversa. Messi disse ter desperdiçado “uma oportunidade única” ao perder para a Alemanha na final, no Maracanã.
– Sofremos um baque. Foi uma oportunidade única, fizemos tudo bem, mas não conseguimos por um detalhe, e a partir daí vieram todas as críticas. Não ligamos. Se tivéssemos ganhado o Mundial, ganhávamos a Copa América também – recorda o craque do Barcelona.
“Ser campeão do mundo não tem preço, é algo único. Tive a sorte de ganhar tudo como jogador, no clube e a nível individual. Mas não ter nada com a seleção é muito duro”, completou.