O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) voltou a ser preso, em Curitiba, na manhã desta terça-feira (19), desta vez em uma operação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) que investiga desvio de recursos que deveriam ser usado na construção de escolas. Parte desse dinheiro, segundo as investigações, teria ido parar em campanhas eleitorais do tucano.
Esta é a terceira vez que o tucano é detido. Ele também já havia sido preso em uma outra investigação do MP paranaense e em um desdobramento da Operação Lava Jato, mas foi solto por ordem da Justiça. Agora, a prisão foi determinada pelo juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 9ª Vara Criminal de Curitiba.
“O investigado Carlos Alberto Richa [Beto Richa], então Governador do Estado do Paraná à época dos fatos, é apontado pelo Ministério Público como o chefe da organização criminosa e principal beneficiado com o esquema de recebimento de propinas advindas das empresas privadas responsáveis pela execução das obras nas escolas públicas estaduais”, diz um trecho do despacho.
Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu um salvo-conduto para impedir a prisão do ex-governador, mas a medida se aplica apenas às investigações relacionadas à Lava Jato. Porém, no ano passo, Gilmar Mendes também concedeu um salvo-conduto para as investigações, à época, do MP-PR.
A nova detenção é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. A suspeita contra o tucano é de corrupção, entre outros crimes, e ele foi preso no apartamento onde mora.
“Ao investigado CARLOS ALBERTO RICHA é imputada a prática dos delitos de organização criminosa (pena máxima de 8 anos), corrupção passiva (pena máxima de 12 anos), fraude à licitação (pena máxima de 4 anos) e obstrução de investigação de organização criminosa (pena máxima de 8 anos)”, afirma o juiz na decisão que determinou a prisão.
Beto Richa foi preso em casa pelo Gaeco na manhã desta terça-feira (19) — Foto: Ana Zimmermann/RPC
A ação é um desdobramento da Operação Quadro Negro, que investiga desvios nos recursos destinados à construção de escolas. O empresário Jorge Atherino, apontado pelo MP-PR como operador financeiro de Beto Richa, e Ezequias Moreira, ex-secretário especial de Cerimonial e Relações Exteriores do Paraná, também foram presos.
Ezequias foi citado na colaboração premiada do empresário Eduardo Lopes de Souza. A delação afirma que o ex-secretário participou da arrecadação de dinheiro desviado da reforma e construção de escolas para a campanha de reeleição de Beto Richa para o governo do estado.
Ao tentar contato com a defesa do ex-governador, mas, até o momento, as ligações não foram atendidas. A reportagem também tenta contato com os advogados dos outros dois presos.
A investigação é tocada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Além das prisões, são cumpridos mandados de busca e apreensão em imóveis da família Richa em Caiobá, no litoral do Paraná, e em Porto Belo (SC).
Na quarta-feira (13) o Gaeco ofereceu denúncia contra o ex-governador, a mulher dele, Fernanda Richa, Jorge Atherino e Ezequias Moreira por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Até o momento, não se sabe se a Justiça aceitou a denúncia.