Decisão judicial torna Cais do Porto de Cruzeiro do Sul patrimônio histórico do Acre

Uma decisão da 2ª Vara Cível de Cruzeiro do Sul, publicada nesta sexta-feira (1º), determinou o tombamento do Caís do Porto da segunda maior cidade do Acre. De acordo com a determinação, o governo e a Fundação de Cultura Elias Mansour têm um prazo de 15 dias para fazer a inscrição do imóvel como patrimônio histórico acreano.

Com a determinação judicial, o cais, inaugurado em 1912, deve ser preservado em suas características originais e fica o estado e a fundação cultural com a responsabilidade de viabilizar projetos para a reestruturação. De acordo com o juiz Hugo Torquato, titular da vara, está vedada qualquer alteração, demolição ou descaracterização do local.

A decisão fixa um prazo de seis meses para que seja iniciado um projeto de técnico de restauração que deve ser concluído no prazo de um ano. Caso a ordem judicial não seja cumprida, o estado deve pagar multa de R$ 1 milhão.

Sobre o cais

O Cais de Cruzeiro do Sul foi construído na época do ciclo da borracha, quando a cidade recebia grandes embarcações vindas principalmente de Manaus e Belém com seringueiros para explorar os seringais da região do Alto Juruá. Atualmente, o prédio fica no Centro da Cidade, distante da margem do rio, e se destaca por sua arquitetura em estilo colonial inglês, semelhante a uma estação férrea.

Para o historiador Francisney Almeida, o prédio é um marco do processo de formação da segunda maior cidade acreana.

“O Cais representa um esforço que foi feito para estruturar a região com um porto onde pudesse receber os passageiros dos navios e embarcar a borracha. Então, foi o único porto do Juruá naquele estilo, com um pórtico forjado na Inglaterra. É muito importante preservar, porque, ao lado do Fórum, são os únicos dois patrimônios que ainda estão preservados em suas características originais em Cruzeiro do Sul. Agora não vai mais ficar jogado, correndo o risco de perdermos”, disse Almeida.

O presidente da Fundação Elias Mansour, Manoel Pedro Gomes, disse que a fundação já teve conhecimento da decisão e que o Conselho do Patrimônio Histórico do Estado é quem vai analisar o que determina a ordem judicial para tomar as providências.

“É preciso se organizar também, porque diante da mudança do governo, o conselho ainda não está com todas as suas cadeiras apostas. Então, a gente precisa formatar todo o conselho para poder tomar par dessa situação. Mas, na verdade, já temos ciência disso e a gente vai fazer o encaminhamento que deve ser feito, dentro da ordem respondendo nos autos”, afirmou Gomes.

Por Mazinho Rogério