Banco Mundial informa que estão garantidos recursos para índios do Acre

O Banco Mundial garantiu que a instituição continua financiando as ações de produção de alimentos, de valorização cultural, de gestão de terras e de abastecimento de água em favor dos povos indígenas do Acre.

Em nota, enviada ao site pela Assessoria de Imprensa do banco, a instituição destaca a reunião que manteve em Rio Brancono final de janeiro deste ano, com o governador Gladson Cameli e as secretarias estaduais encarregadas de executarem as ações dos projetos do Programa de Saneamento Ambiental e Inclusão Socioeconômica do Acre (Proser), que prevê a liberação ao longo de 2019 de R$ 18,7 milhões para a continuidade dos projetos em favor dos índios.

O banco ressalta, no entanto, que nas reuniões ocorridas no Acre, “concordou-se em fazer uma priorização de investimentos dependendo da capacidade de execução de cada um dos órgãos executores e do curto prazo remanescente do projeto até sua conclusão em 2020”.

Ou seja, a aplicação este ano dos R$ 18,7 milhões do Banco Mundial em ações a favor dos índios vai depender se os órgãos estaduais que vinham executando os projetos do Proser (no governo passado, eram Sema, Seaprof e Depasa) vão ter ou não condições para fazê-lo. E isso depende, claro, do próprio governo Cameli e este não deu qualquer garantia ao banco. “Foi acordado continuar com as principais linhas de investimento do projeto, incluindo aquelas em favor dos índios do Acre e dos municípios isolados”, concluiu a nota do banco.

Piyãko diz que projetos representam conquistas indígenas

O líder indígena Francisco Piyãko, do povo Ashaninka do rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo, falou sobre a nota do banco ao site Expresso Amazônia estranhando a não confirmação pelo governo do estado da capacidade de execução dos projetos previstos pelo Proser em favor dos índios.

“Essa gente ainda não entendeu que os tempos agora são outros, pois a sociedade avançou nas conquistas. Não se pode mais destruir para construir de novo, temos que caminhar para frente e não retroceder”, disse Piyãko, que espera bom senso do governo do estado para a execução das importantes ações do programa Proser, que representam avanços e conquistas dos povos indígenas acreanos.

Acertado com o governo anterior de Tião Viana, o financiamento do Banco Mundial ao Proser prevê a execução de três projetos em favor das comunidades indígenas acreanas. No valor de R$ 4,3 milhões, o primeiro projeto se destina à elaboração dos Planos de Gestão das Terras Indígenas (PGTIs) e monitoramento das ações prioritárias destes planos; o segundo, no valor de R$ 13,2 milhões, prevê a execução das ações prioritárias dos PGTIs e assistência técnica visando a segurança alimentar dos índios, a sua valorização cultural e seu fortalecimento institucional; e o terceiro, de R$ 1,1 milhão, se destina ao abastecimento de água das três terras dos índios Kaxinawá do município do Jordão.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em sua passagem pelo Acre na semana passada, também assumiu a mesma postura, reunindo-se e conversando no estado apenas com produtores de soja e grandes pecuaristas, apesar de já ter dito, em entrevista concedida em 18 de janeiro ao jornal Correio Braziliense, da capital federal, que iria ouvir os índios e preservar a Amazônia.

Tereza Cristina, por certo, esqueceu que a história contemporânea da Amazônia mostra, em dados, percentuais e imagens de satélites, que a soja e a pecuária, juntas, foram as maiores responsáveis pelos crescentes índices de devastação da floresta amazônica nas últimas décadas, já chegando hoje ao perigoso percentual de 25%, a partir do qual a Amazônia vai começar a virar cerrado ou savana africana e comprometer o ciclo de chuvas essenciais à vida até nas regiões Sudeste e Sul do país.