As forças de Segurança do estado não medem esforços para levar à população a sensação de tranquilidade, mesmo nas localidades mais distantes das cidades principais. É o caso de Marechal Thaumaturgo, no coração da selva amazônica, próxima de Cruzeiro do Sul (a 640 quilômetros de Rio Branco).
Ali, no início desta semana, uma força-tarefa das polícias Civil e Militar esteve na comunidade Foz da Aparição, numa ação de repressão, e também educativa, em que o diálogo com os moradores foi fundamental para a continuidade do respeito mútuo e da convivência pacífica. Na ação, os policias aprenderam também duas armas sem registro.
Na Foz da Aparição, foi registrado leve aumento nos crimes contra o patrimônio, além de violência doméstica contra mulheres. A ação integrada, no entanto, permitiu reprimir essas práticas. No local, policiais conversaram com moradores sobre os crimes e as possíveis vítimas, além de obterem informações na busca de identificar acusados.
Na última quarta-feira, 13, a colona Maria Evanilza, que reside na comunidade de Cachoeirinha, na localidade de Bagé, foi até a Delegacia de Marechal Thaumaturgo para registrar um boletim de ocorrência contra o ex-companheiro, Raimundo Nonato da Silva.
“Nós tava (sic) na casa da minha irmã, quando vi o foco da lanterna. Aí fui ver quem era. Quando ele me viu, correu, mas vi ele colocando a mão pra trás. Aí eu já corri e senti a quentura nas costas. Foi quando gritei pelo meu sobrinho.”, relata a vítima, que levou uma facada do indivíduo.
Ferida, a vítima deixou a comunidade às 21 horas, chegando à cidade de Marechal Thaumaturgo somente por volta das 3 horas da manhã do outro dia. Foi direto ao posto de saúde, e depois para delegacia, quando registou a tentativa de feminicídio e solicitou medidas protetivas de urgência.
A Delegacia de Marechal Thaumaturgo atende a uma extensa área rural, a maioria ribeirinha e de comunidades longínquas, a muitas horas, de barco ou a pé, da cidade. Por isso, quando a vítima consegue chegar para o registro da notícia-crime, o autor já tem se evadido do lugar.
O município está entre os considerados isolados do Acre. Sua ligação com Rio Branco é feita apenas por via aérea. Há ainda a opção pelo rio Juruá, de barco, com viagens de até quatro horas desde Cruzeiro do Sul. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018, o município tinha pelo menos 18.430 habitantes.
Cidadania para quem precisa
De acordo com o secretário de Polícia Civil, delegado Getúlio Monteiro, a instituição está intensificando suas ações no interior do estado, inclusive nos municípios de difícil acesso.
“Nosso objetivo é levar cidadania e tranquilidade para toda sociedade, com ações em regiões como o Envira e o Juruá. Nós enviamos delegados para Tarauacá, Manoel Urbano e Brasileia, sendo que em relação aos dois últimos municípios, os delegados deverão se apresentar nos próximos dias”, explica Monteiro.
Monteiro assegura que essas medidas buscam potencializar as ações da Polícia Civil em todo o Acre, enquanto não é concluído o concurso público, em andamento, e que vai permitir mais 170 novos agentes e 18 delegados no quadro. A maioria será lotada no interior.