A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) vai pedir ao Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam) o afastamento do ginecologista que aparece agredindo uma parturiente em vídeo gravado na Maternidade Balbina Mestrinho, no Centro de Manaus, que viralizou nas redes sociais esta semana. O profissional é cooperado do Igoam e o vídeo, segundo a Susam, foi gravado há nove meses, em 2018.
Nas imagens é possível ver o médico Armando Andrade Araújo batendo com as duas mãos nas virilhas da paciente em trabalho de parto, após familiares da mulher afirmarem que denunciariam as condições de atendimento médico da maternidade à imprensa. Armando foi preso em 2015 acusado de integrar uma quadrilha especializada em cobrar dinheiro para fazer partos, laqueadura e outros procedimentos ginecológicos em maternidades públicas de Manaus.
Por meio de nota, a Susam informou que, apesar de a agressão ter ocorrido no ano passado, tomou conhecimento sobre ela apenas nesta terça-feira (19), por meio das redes sociais. “Não há qualquer registro na maternidade ou na Ouvidoria à época de denúncia”, alegou a Secretaria no comunicado.
Um processo administrativo para apurar denúncia de negligência contra o médico em outro caso já tramita na Susam.
“A Susam não está de acordo com o tipo de conduta praticada pelo médico. Por este motivo, o vice-governador e secretário de estado de Saúde, Carlos Almeida, irá solicitar à direção do Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam), empresa ao qual o profissional é cooperado, o seu afastamento. E também reiterar pedido de providências ao Conselho Regional de Medicina (CRM)”, afirma a pasta.
Procurado pela reportagem, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (Cremam) afirmou também em nota que quando toma conhecimento de algum ato médico citado pela imprensa, abre uma “Sindicância ex officio”. O procedimento inclui, entre outras etapas, a análise do prontuário médico para averiguação se houve ou não um “ilícito ético”.
“Se houver alguma infração ao Código de Ética Médica será aberto um Processo Ético Profissional, que consta de: Instrução, Relatoria, Revisão e Julgamento, com ampla defesa do denunciado. Da sentença prolatada cabe Recurso, caso haja interesse do denunciante ou denunciado, ao Conselho Federal de Medicina, que irá reanalisar em segunda instância, podendo ou não mudar a sentença deste Regional”, explicou o Cremam.
Vítor Gavirati