O Real Madrid escondeu até o último minuto onde Vinicius Júnior jogaria neste fim de semana. Julen Lopetegui confirmou no sábado que o brasileiro se alternaria com o Castilla de Santiago Solari quando não fosse requisitado, mas não disse se o levaria a Girona ou não. A ausência de convocação manteve a dúvida até que na manhã de domingo o clube publicou a lista do basco e não havia nem sinal de Vinicius, relegado ao time secundário. Contratado por 45 milhões de euros e com a pecha de ser o maior prodígio do Brasil, os primeiros minutos oficiais do atacante com a camisa do Real Madrid não seriam no Santiago Bernabéu, mas no Estadio Alfredo Di Stéfano e na Segunda Divisão B, a terceira categoria do futebol espanhol. Sua participação no sucesso do Castilla sobre o Las Palmas (2-0) foi, no mínimo, discreta. Perdido e ausente, um chute a gol e um tiro de calcanhar completaram seu repertório em 73 minutos nos quais se mostrou tão disposto quanto errático em algumas ocasiões.
O início foi alentador. Recebeu a bola a poucos segundos e da frente gerou a primeira ação de ataque com um chute muito focado. O público respondeu com aplausos e murmúrios. Mas enquanto as expectativas aumentavam, a participação e o acerto de Vinicius seguiam caminho contrário. Não finalizou mais. Desconectado do jogo, pressionou com insistência, buscou espaços nas costas da zaga rival e tentou umas tantas firulas para satisfazer o público e reivindicar sua condição. Depois de vários erros, acertou um tiro de calcanhar de costas, para se safar de dois oponentes. Solari contemporizou depois da partida. “Não se trata do que Vinicius pode nos dar, é o contrário; trata-se do que o Castilla pode dar a Vinicius para que melhore e se adapte. Precisamos acolhê-lo para lhe dar as melhores condições. Tem 18 anos, precisa de tempo”, protegeu o argentino: “Queremos que possa desenvolver seu potencial o quanto antes e vamos ajudá-lo nisso”.
O garoto se incorporou à concentração do Castilla no sábado à noite, se apresentou a seus novos colegas e treinador, interagiu com eles durante o jantar e às 12h00 de domingo, com o 11 nas costas, entrou no campo de Valdebebas. Não tinha realizado nenhum treino com o grupo e só conhecia oito membros da excursão de pré-temporada. Sua estreia foi o primeiro contato com o plantel de Solari.
A expectativa era grande, à altura de uma contratação de seu nível, multimilionária e em princípio a mais chamativa deste verão em Chamartín. O nome do brasileiro soou por último pelo megafone. Os cerca de 1.000 torcedores que foram até o estádio o receberam com alvoroço enquanto ele colava no flanco esquerdo do ataque. Desconhecido de todos, o garoto parecia desnorteado, confuso em um ambiente e uma situação totalmente estranhos e imprevistos para ele. Depois de brilhar nos amistosos de verão, a decisão de Lopetegui de deixá-lo de fora da Supercopa e da estreia da liga diante do Getafe causou barulho. A realidade é que o basco não está convencido de que já tenha nível para jogar na elite, opinião contrária à de alguns dirigentes do clube que desde sua apresentação garantiam que faria parte do primeiro plantel.
Sua situação atual é desconcertante, equilibrando-se entre a Primeira e a Segunda B, um categoria complicada para jovens de seu perfil, e ao lado de um grupo e um técnico com quem mal manteve contato antes de uma estreia forçada e inesperada para Vinicius, e imprópria para um contrato de 45 milhões de euros.
Fonte: Elpais