ma carta enviada por detentos do presídio Manoel Neri, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, relata tortura física e psicológica, além de “corredor da morte”. De acordo com os presos, as agressões tiveram início após a morte de agente penitenciário Gilcir Silva Vieira, no dia 30 de maio.
As famílias dos presos já haviam denunciado as agressões, no último dia 2 de junho. Em fotos também enviadas à reportagem, os parentes mostraram os detentos com várias marcas de agressões.
A direção do presídio nega as acusações e afirma que a Justiça está investigando as denúncias. O diretor da unidade, Saulo Santos, disse que a carta também foi enviada para vários órgãos e que, depois disso, a Justiça foi até a unidade para verificar a situação.
Durante a visita da Justiça na unidade, mais de 30 presos, que disseram ter sofrido as agressões, passaram por perícia. As investigações devem verificar se houve excesso por parte dos agentes penitenciários.
“No dia da morte do colega, foi decidido fazer uma revista até para ver se conseguia pegar alguma coisa que ajudasse na investigação. Houve uma certa comemoração por parte dos presos após o anúncio da morte do agente. A equipe pediu que parassem, mas eles decidiram afrontar”, afirmou Santos.
Em seguida, de acordo com diretor, o grupo tático decidiu entrar nas celas, e alguns presos que estavam com facões e estoques tentaram atacar o grupo.
“Alguns presos saíram sim lesionados com hematomas, porém, foi devido esse confronto. Eles não foram cessiados de alimentação. Foram suspensas, sim, algumas regalias por 30 dias, que foi a suspensão da visita íntima, direito a TV e rádio”, disse o diretor.
Na carta, os presos afirmam que os agentes penitenciários entraram nos pavilhões B e C e fizeram ameaças aos detentos e seus familiares. Além disso, os tiraram das celas e iniciaram as torturas.
“As torturas foram chok (sic), cassetadas, onde tivemos reeducando fraturado, nariz quebrado, costela quebrada e pernas toxidas (sic) e fraturas por várias partes do corpo. Passamos por duas vezes pelo corredor da morte que eles fizerão (sic)”, relata a carta.
Os presos reclamam ainda que foram deixados sem comer por dois dias e que os agentes diziam que iriam envenenar a comida deles. No final da denúncia, eles pedem a visita de órgãos públicos nos pavilhões.
“O juiz entrou nos prédios onde estavam os reeducandos, perguntou se tinha gente ferida, e aqueles que diziam que estavam machucados foram retirados para corpo de delito. E a promotoria junto com as delegacias e Justiça estão apurado se houve excesso ou não”, concluiu o diretor da unidade.