O Acre é um dos poucos estados do país que conseguiu zerar a fila de espera por procedimentos de cateterismo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso foi possível devido ao trabalho que vem sendo feito na Central de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), que vem garantindo maior agilidade no agendamento para a realização do serviço.
O paciente que necessita passar por um cateterismo hoje, conforme solicitação médica, leva em média uma semana para realizar o procedimento, considerado invasivo e utilizado na cardiologia para diagnosticar e analisar a gravidade de doenças no coração.
A gerente-geral do Complexo de Regulação/TFD da Sesacre, Andreia Santos, explica que desde 2017 foi adotada uma nova metodologia para regular esses procedimentos via Sistema de Regulação, como forma de agilizar e facilitar a vida do paciente, que não precisa mais se deslocar de uma unidade para outra a fim de agendar o exame.
“O paciente é inserido nesse sistema e a solicitação é avaliada por um especialista, no caso a médica da regulação. De acordo com a necessidade, seguindo o fluxo prioritário, é autorizado o procedimento. Em 2017, quando nós começamos a regular de fato o serviço, existia uma demanda reprimida, um tempo longo de espera, que deixou de existir, pois, à medida que a solicitação vai chegando, a gente vai efetivando os agendamentos para no máximo em dez dias o paciente realizar o exame”, destaca.
Fruto de parceria público-privada, os pacientes não necessitam mais do Tratamento Fora de Domicílio (TFD) para realizar cateterismo no Acre desde 2011. Com a parceria entre o Centro Hemodinâmico e Cardiológico de Rio Branco (Hemocardio) e o governo do Estado, que custeia os procedimentos aos pacientes, em 2017 quase 800 pacientes passaram pelo procedimento no estado. O cateterismo é realizado na própria clínica e as cirurgias, no Hospital Santa Juliana.
Com o serviço normalizado, os pacientes estão sendo chamados por critério de gravidade, como foi o caso do vendedor Klebson José da Silva, que passou por procedimento de cateterismo na última quinta-feira, 31. Aos 40 anos, e com histórico de infarto do miocárdio na família, ele foi submetido ao exame após a suspeita de obstrução dos vasos sanguíneos do coração (artérias e veias).
“Vez ou outra estava no pronto-socorro passando mal por conta da pressão alta. Conversando com o médico falei que minha mãe havia falecido aos 48 anos de idade após um infarto fulminante. Ele logo pediu uma bateria de exames. Depois de diagnosticar algumas veias entupidas ele solicitou o cateterismo de urgência. Logo que dei entrada fui chamado para fazer o exame. Tudo muito rápido e com excelentes profissionais. Como já estava tomando a medicação, não foi necessária a colocação de stent, pois a taxa de gordura estava baixa. Agora é me cuidar e ter uma vida mais saudável”, diz o paciente.
Klebson faz parte dos 257 pacientes que realizaram cateterismo de janeiro a abril deste ano, no Hemocardio. A unidade é a única do Acre que realiza procedimentos de alta complexidade cardíaca, que além de cateterismo, com custo de mais de R$ 2 mil, também oferta, por meio de contrato com a Sesacre, exames de angiografia cerebral e arteriografia digital a pacientes do SUS. Por meio dessa parceria com a clínica, o Estado custeia até 85 cateterismos ao mês, mas sem demanda reprimida na saúde pública são realizados 60 procedimentos mensais em média.
O cateterismo cardíaco é considerado um procedimento invasivo e utiliza uma sonda ou cateter para identificar doenças obstrutivas, bem como obter detalhes anatômicos das cavidades ou das válvulas do coração.
Na maioria das vezes, é combinado a uma técnica chamada angiografia coronária, que consiste no ato de injetar um produto de contraste no órgão. O procedimento é solicitado aos pacientes com suspeita de aterosclerose (formação de placas de gordura nas artérias coronárias ou nas válvulas), mas pode ser aplicado emergencialmente em casos de infarto agudo no miocárdio.
O exame também possibilita o reconhecimento de defeitos congênitos em recém-nascidos e crianças.