Segundo relato da professora Lidiane Maciel, da Universidade do Vale do Paraíba, que realizou uma pesquisa no local no início de março, o espaço tinha ambientes improvisados, divisórias feitas com madeira e papelão, faltava estrutura apropriada, mas tinha regras e organização, como mostram as imagens que ela conseguiu registrar antes da tragédia.
A pesquisadora conta que o antigo prédio da Polícia Federal, desativado anos atrás, abrigava cerca de 400 pessoas, a maioria delas há mais de 8 anos, em 12 andares, cada um com seis domicílios. Elas eram de vários estados do Brasil, como Bahia, Pará, Paraíba, Acre e Rio de Janeiro; além de países como Marrocos, Congo, Senegal, Haiti, Filipinas.
Mesmo em condições precárias, a convivência entre eles era harmônica. Na entrada do prédio, uma senhora controlava a passagem das pessoas. Em alguns andares, a professora encontrou muito lixo, restos de materiais de construção, mas, em outros, a organização era exemplar.
Reprodução
“Alguns são demasiadamente limpos e possuem uma estrutura bem organizada, com casas com cortinas, área de convivência coletiva e plantas. Há regras de convivência e limpeza fixadas nas paredes de cada um dos andares. Elas falavam do tipo de vestimentas de homens e mulheres e sobre a limpeza das áreas comuns”, relatou Lidiane Maciel.
As áreas comunitárias eram cozinha e banheiros. Os serviços de água e luz chegavam somente até o quinto andar, o que obrigava os moradores dos outros andares a descerem para recarregar seus baldes e usar no dia-a-dia.
Os moradores vivem de trabalhos formais e informais, vinculados a serviços gerais e limpeza e vendedores ambulantes, a maioria no centro da cidade.
De acordo com o relato da professora, suspeita-se ainda que nem todas as pessoas presentes no prédio eram moradoras, mas que se aproximavam do local às vésperas das ações das prefeituras. Com informações R7.