Marcus Alexandre deixa boa impressão e esperança na classe empresarial acreana

A reunião entre o candidato a governador Marcus Alexandre, da Frente Popular e a classe empresarial, ocorrida na noite de quinta-feira, na FIEAC mostrou um otimismo moderado, mas importante da categoria industrial no candidato, que foi visto como alguém que pode resolver importantes demandas do setor e representar um fio de esperança para a retomada industrial acreana. Especialmente, foi considerada muito bem-vinda a presença do assessor Gilberto Siqueira, na reunião, lembrado como alguém que, na Funtac e no Planejamento estadual manteve um dialogo produtivo com a categoria e foi capaz de encaminhar vários projetos de desenvolvimento setorial. Acompanhou Marcus Alexandre ainda, seu vice Emylson Farias e estavam presentes os maiores nomes da economia privada acreana, no setor da indústria.

Apesar da maioria dos empreendedores elogiar o empenho e a vontade pessoal do governador Tião Viana, houve críticas a aspectos da política industrial de seu governo e à falta de incentivos e entraves postos para a produção e geração de empregos.

Uma das críticas mais contundentes foi a do setor madeireiro, que afirmou que está praticamente paralisado no Acre, em função da dificuldade para vencer obstáculos de licenciamento ambiental. Chegou a se falar que a indústria está operando praticamente graças aos 5% da madeira apreendida ilegalmente no Mato Grosso e que é disponibilizada pelos órgãos ambientais para o beneficiamento no Acre. Que projetos e propostas, plantas de empresas acreanas estão sofrendo porque é quase impossível conseguir as licenças necessárias, mesmo com todo o trabalho regularizado, para fazer o corte.

A situação estaria tão crítica que o empresário Luis Helosman, do setor de criação de aves, disse que está importando de Rondônia pó de serra, sub-produto e insumo necessário para o local onde as galinhas são criadas.

Empresários que estariam prestes a se estabelecer em Feijó enfrentam problemas de  conseguir o alvará e a licença necessários para o início das atividades e há o sentimento do empresários de que são vistos injustamente como vilões ambientais, mesmo em projetos de manejo autorizados.

As críticas não se restringiram ao governo estadual, com fortes acusações contra o código florestal, e a lembrança positiva de governos passados recentes, como o de Jorge Viana, em que a indústria madeireira do Acre, mesmo com os cuidados ambientais, estava em franca expansão. Neste ponto, a presença de Gilberto Siqueira foi comemorada e os empresários disseram ver nele um avalista de que as coisas podem voltar a melhorar.

O setor de cerâmica relatou que somente agora começa uma tímida recuperação, mas que perdeu mais de 60% de poder produtivo nos últimos anos. As reclamações ambientais e trabalhistas também foram muitas e os empresários lembraram que o setor é um dos que mais empregaram mão de obra não qualificada em passado recente. Um ponto muito relatado foi a ausência de obras públicas que demandam ação do setor e a dificuldade de programas de custeio e investimento, além das taxas e impostos altos no setor, especialmente o ICMS,

Também moderadamente otimista está o setor de construção civil que reconhece que a proposta de construção de mil novas casas na Cidade do Povo pode tirar o setor da letargia em que se encontra. Mesmo assim, os empresários citaram que o quadro é muito difíicil e não se chegou sequer a se vislumbrar o entusiasmo que se via alguns anos atrás.

O empresariado reconhece que a crise pegou o setor em cheio, mas reclamam que o governo acreano teve pouca capacidade de mobilização depois da grande crise de 2015 e que a recuperação é muito lenta.

Construtores lembraram que a construção civil é um termômetro do emprego no estado e que a atividade, quando está a todo o vapo, demanda mão de obra e ajuda no controle do desemprego e, efetivamente, faz diminuir a violência.

O empresário João Albuquerque fez coro à reclamação e disse que faltam políticas públicas de incentivo á construção civil, afirmação que foi seguida pelo construtor Sérgio Nakamura. Albuquerque, que deve se candidatar como suplente de senador na chapa de Ney Amorim, citou que está sendo obrigado a assumir grandes passivos, entre eles, um de mais de R$ 5 milhões proveniente de impostos sobre a fábrica de tacos.

A situação de crise implica na informalidade crescente e foi lembrado que de estimados 40 mil empreendedores acreanos, apenas a metade emite nota fiscal e paga imposto sobre suas ações.

A complexidade da legislação de ICMS e a falta de regulamentação e efetividade do COPAI, também foram citados como problema.

A posição de Marcus Alexandre

Os setores de laticínios e confecções apresentaram seus problemas em conjunto para o candidato Marcus Alexandre. O candidato se espantou com a profundidade do problema e disse que, como prefeito, comprava a cada dois dias uma enorme quantidade de leite de laticínios de Jaru, em Rondônia e que essa despesa deveria ser feita em empresas acreanas, salientando que só a rede municipal de ensino tem mais de 25 mil estudantes a consumir o produto. O setor de confecções também pode ter um grande mercado na rede de ensino púbico, especialmente para os pequenos empresários que se multiplicam a cada dia.

O ex-prefeito da capital, Marcus Alexandre, passou a mensagem de que não é um radical quando o assunto é ambientalismo, ao contrário prega a conciliação de interesses que não afetem o setor produtivo. Disse que até o dia 13 de maio terá percorrido todos os municípios do estado e que até o fim daquele mês lança o seu plano de governo com tudo o que tem ouvido por onde passa. Diz que não será um plano para ser engavetado, ao contrário quer um projeto exequível debatido amplamente com a sociedade.

Relatou sua preocupação em fazer o estado funcionar, produzir e arrecadar mais, dizendo que é o que Acre precisa, Citou que a divida previdenciária, por exemplo drena cerca de R$ 35 milhões por mês ou quase R$ 400 milhões por ano dos cofres públicos e que, por isso, uma política de austeridade é primordial para busca de soluções. Deu o testemunho que agido assim deixou a prefeitura com um ativo de R$ 300 milhões.

O candidato quer ativar todas as fontes de receitas e de geração de riqueza. Citou, por exemplo a situação em Assis Brasil, onde a simples mudança da alfandega, do posto fronteiriço para mais perto da cidade ofereceria uma importante receita para os cidadãos. Acontece que o lado peruano de Inãpari se beneficia da proximidade fronteiriça, o que não acontece com Assis Brasil. Na recente visita do Papa à região, mais de 30 mil pessoas passaram pela fronteira, mas apenas cerca de 10 mil visitaram Assis Brasil,

O candidato disse que pretende ter um diálogo permanente com a classe produtva e que as trajetória de vida nos últimos 14 anos no Acre é a prova de seu compromisso com os interesses do estado e suas forças produtivas. Citou como exemplo de ação necessária um levantamento exaustivo do destino e das condições em que se encontram os 364 equipamentos entre tratores, caminhões e assemelhados que o governo comprou e que todas as forças sociais terão voz em seu governo, mas sob sua orientação.

O candidato a vice, Emylson farias disse que a força de Marcus Alexandre e sua disposição o motivam a cada dia e que ele participa e apoia as ideias e propostas do candidato. Gilberto Siqueira disse aos empresários que eles não se deixassem abater, que confiassem nos sinais de recuperação da economia, que pode crescer até 3% este ao e das perspectivas melhores para o ano que vem, Que volta ao Acre para ajudar nesse esforço de diálogo com as forças produtivas.

O presidente da Fieac, José Adriano Ribeiro disse que entidade compreendia e apoiava os esforços do governador Tião Viana mas que se resguardaria mais. A entidade não pretende lançar carta aberta á população, mas quer que os candidatos debatam com os empresários uma solução e as melhores opções para vencer a crise. Disse que a categoria sabe o que quer e não vai mais aceitar pressões seja de onde vierem. Considerou muito útil o encontro e o debate com o candidato Marcus Alexandre.