O jovem José Armando Pimentel Júnior, 18 anos, é natural do município amazonense de Guajará, mas há seis meses frequenta uma escolinha de futebol na cidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, a 648 km de Rio Branco. E através dessa escolinha, ele foi representar o Acre no Circuito Caixa Loterias Centro-Leste, em Goiânia, capital de Goiás, entre dos dias 12 e 15 deste mês.
Júnior, que já teve a história contada pelo GloboEsporte.com em 2014, nasceu com uma má formação congênita dos membros superiores. Isso, no entanto, não foi empecilho para ele vencer as provas de 100 metros e 200 metros rasos do atletismo. Apesar de exaltar a conquista, o jovem diz que a mesma não influencia no sonho que ainda quer realizar, dentro do futebol.
– Essas medalhas são frutos de meu trabalho e dedicação. Venho treinando bastante para conseguir meus objetivos. Acredito que essas medalhas são apenas o começo de minha história. Estou muito focado no que eu vou conseguir. Agora, o que vier pela frente será apenas mais um obstáculo que vou superar. Meu objetivo na verdade é ser jogador de futebol profissional, quero chegar à seleção brasileira paralímpica. Enquanto isso, no atletismo vou tentar logo, logo chegar aos índices da seleção brasileira para que eu possa ser convocado. Na prova dos 100 metros tenho um tempo muito próximo. Com o tempo espero alcançar o índice – comenta.
Esta foi a primeira competição que o jovem representou o Acre e garante que não deve parar por aí. Ele lamenta a falta de apoio a atletas no estado.
– Não tinha ideia do que seria a repercussão dessa participação aqui em nossa região. Fui por conta própria, de cabeça fria. Agora é trabalhar ainda mais duro para que possa conquistar outros resultados e dar orgulho para nossa região, que é muito esquecida. Em junho, agosto e outubro teremos outras etapas que pretendo participar. Minha determinação é almejar coisas maiores para minha vida. Vou tentar dobrar meus rendimentos. Quero ser o melhor, dos melhores. O complicado é a falta de patrocínio, fui para esta primeira fase praticamente sem patrocínio. Agradeço as pessoas que me ajudaram a chegar lá. Espero que outras pessoas possam me ajudar. Sem patrocínio, não sei se vou conseguir estar nas outras etapas – afirma.
Instrutor da escolinha frequentada pelo jovem talento, José Gomes acredita que Júnior tem potencial para brilhar.
– Esse menino é um garoto especial. Acompanhamos ele há seis meses. Ele participava de uma escolinha em Guajará e veio para um período de aperfeiçoamento aqui em nossa escolinha, foi para Rio Branco, foi selecionado e conquistou estes resultados. Além de talentoso, ele é um menino persistente. Nasceu sem os dois braços, mas tem poder de superação, corre atrás do quer. Sonha ser atleta profissional. Tem potencial para o futebol, futsal, atletismo e natação. É muito dedicado e pode alcançar muito sucesso. Tem 18 anos e tem mais cerca de 20 anos para ser atleta. Acredito que ele pode chegar muito longe. Aproveito para pedir apoio para que ele possa continuar buscar a realização dos seus sonhos. Nós da escolinha estamos fazendo nossa parte – destaca.
Júnior enfrentou atletas de nove estados para chegar às duas medalhas. Agora ele busca apoio para a próxima fase do Circuito, que será realizada em junho, no Centro de Treinamento do Cômite Paralímpico Brasileiro (CPB), no estado de São Paulo.
O evento é organizado pelo CPB e patrocinado pelas lotéricas Caixa. Os atletas que alcançarem os índices estabelecidos pela entidade nacional garantem vaga na fase nacional. O Ao todo, o circuito tem quatro fases regionais e duas nacionais.
Globoesporte.com/ac