Brasil, Peru e Bolívia se unem em campanha pela preservação do Rio Acre

No Dia Mundial da Água, celebrado em todo o mundo em 22 de março, Brasil, Peru e Bolívia deram um grande passo em direção a preservação das águas do Rio Acre por meio da campanha ‘Cuidando da água do Planeta a partir da Região Map’, lançada em Rio Branco.

Além de apresentações culturais das três nacionalidades, o lançamento da campanha contou ainda com uma caminhada pelo centro da capital.

“O assunto da água é restrito aos que bebem água, ou seja, todo mundo”, foi assim, que o pesquisador Foster Brown, da Universidade Federal do Acre (Ufac) definiu o papel da campanha trinacional sobre a preservação das águas amazônicas.

Nas palavras do estudioso, que é também o coordenador do projeto ‘Map Resiliência’ (abreviatura para as regiões de Madre de Dios, Acre e Pando) “, a água faz a redistribuição de calor no planeta, define os ecossistemas, mantém a agricultura, remove os resíduos, em outras palavras, mantém a vida”.

As três nacionalidades estão envolvidas porque suas cidades são banhadas pelas águas do Rio Acre. A vice-governadora Nazareth Araújo, destacou que a campanha representa um grande passo para a mudança cultural no comportamento dos povos amazônicos da tríplice fronteira.

“Estamos a serviço daquilo que a gente busca a todo o tempo preservar: a vida. Vivemos em local responsável pela maior bacia hidrográfica do mundo e nós precisamos cuidar. Precisamos utilizar esse líquido precioso e também encontrar soluções para evitar o desperdício”, ressalta Nazareth Araújo.

Do Brasil, participam da campanha cerca de 27 instituições. Entre elas a Ufac, a Secretaria Estadual de Educação e Esporte (SEE) e a Secretaria de Meio Ambiente (Sema).

Manifestação Cultural

A integração entre os países resultou em uma apresentação diversificada no Palco Cultural, montado na concentração, antes da caminhada. Alunos do grupo de teatro da Universidade Amazônica de Pando, na cidade de Cobija, na Bolívia, fizeram apresentações folclóricas do seu país.

As equipes estudantis apostaram nas artes da dança e da música como ferramentas fundamentais na compreensão da importância da água, que vai muito além das necessidades básicas do ser humano. O diretor da escola de teatro da Universidade, Vladmir Mendieta, entende que a cultura dos países, em geral, reflete a realidade em que eles se encontram. E é aí que entra a arte como forma de conscientização.

“A arte se aprofunda em qualquer problemática e conscientiza as pessoas de maneira muito mais fácil. Nosso grupo, que também forma o Balé Folclórico Municipal de Cobija, acredita na arte e em suas variadas formas como fonte de conhecimento. E nada mais justo que nos unirmos em uma causa que é de todos, como a resistência da água”, afirmou.

O diretor da escola Heroes de la Distancia, também localizada em Cobija, disse que o projeto voltado à valorização da água serve para compartilhar a responsabilidade de todos os países para com a natureza, principalmente amazônica.

“Os alunos fazem essa apresentação de dança e canto embasados em verdade, em protesto. Tudo que fazemos em prol do meio ambiente foi, resumidamente, apresentado com muito empenho aqui  no Acre”, declarou Yoniesten Teixeira, diretor da escola que atende do ensino infantil ao ensino médio.

Hoje, existem apenas 2,5% de água doce no mundo, desses, 12% da água está no Brasil e, ainda, desse total, 70% encontra-se na Amazônia. Importante motivo que levou a gestão da escola Neutel Maia, de Rio Branco, a abraçar esta causa.

“Todos os projetos que realizamos na escola voltado ao Dia Mundial da Água tem uma relevância muito grande quando apresentado à sociedade, como fazemos aqui, nesta caminhada. É dessa maneira que pensamos em plantar a consciência nas pessoas”, disse Raquel Nasserala, gestora da escola, que levou a banda Marcial Neutel Maia para abrir a caminhada.

Seis escolas da rede estadual de ensino participaram da caminhada: Colégio estadual Barão do Rio Branco (Cerb), Escola da Floresta, alunos do projeto Bombeiros Mirins, Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), Serafim da Silva Salgado e Neutel Maia.

A campanha

A campanha vai até setembro deste ano e busca estratégias e soluções, diante das alterações que o ambiente vem sofrendo com os eventos climáticos extremos, no Sudoeste da Amazônia. Busca ainda colocar em prática ações de educação relativas ao cuidado com a água doce dos rios da região. Um dos objetivos é justamente atingir com informações o maior número possível de ribeirinhos, colonos, seringueiros e indígenas no entorno do MAP.