Eurico Miranda foi e não se contentou em apenas observar. Falou, gritou, se exaltou, mas não conseguiu livrar o Vasco da perda de seis mandos de campo, na primeira instância do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), por conta dos graves incidentes ocorridos no clássico contra o Flamengo, dia 7 de julho, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro. O estádio também segue interditado, e as decisões cabem recurso.
A defesa vascaína teve como principal tese apontar falhas no esquema de segurança do Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios) no dia da partida.
Paulo Rubens Máximo, advogado que representou o Vasco, solicitou que parte do tempo da sustentação fosse usada com o depoimento de Eurico Miranda. E o presidente do clube disparou contra a Polícia Militar:
“Ela [PM] foi a causadora da tragédia. Como se atira bomba indiscriminadamente no meio da torcida? Atirou nas crianças, nos idosos. Chegando ao ponto de um [policial] se vangloriar que atirou. Isso não se leva em consideração. O Vasco é o maior interessado em que se apure rigorosamente. Foi o primeiro a ingressar na delegacia. O Vasco tem câmeras, laudos… Interessa à PM ver isso? Não. Foi fornecido tudo à delegacia. Querer atribuir ao Vasco, dizer que tem ligação com sua torcida, pelo amor de Deus”.
O Vasco anexou como provas fotos de possíveis torcedores que participaram da baderna identificados, imagens de candidatos de oposição com membros de organizadas, postagens de opositores nas redes sociais supostamente incitando à violência, além de laudos técnicos que garantiam a realização da partida em São Januário.
Após dar seu depoimento, Eurico Miranda deixou a sessão e não quis acompanhar a tese de defesa e os votos.
A denúncia teve como base o artigo 213 do CBJD e seus três incisos (cujo caput é “Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir…”).
A procuradoria entende que o Vasco não preveniu desordens em sua praça de desporto (inciso I) e lançamento de objetos no campo (inciso III). Mas como “só” houve tentativa de invasão ao campo e não a invasão completa (inciso II do artigo ), pede metade da pena. Só no 213 já se chega ao máximo de 25 jogos e R$ 250 mil de multa.
Mas a denúncia ainda trazia mais um artigo, o 211: “Deixar de manter o local que tenha indicado para realização do evento com infraestrutura necessária a assegurar plena garantia e segurança para sua realização.”. A pena prevista é multa de até R$ 100 mil. Ou seja, conclui-se o somatório com o resultado de R$ 350 mil de pena pecuniária máxima ao Gigante da Colina.
O torcedor Davi Rocha morreu baleado no lado de fora do estádio após o clássico. Porém, o STJD analisou nesta segunda-feira somente os fatos ocorridos dentro de São Januário. É o limite da competência do tribunal. A morte do vascaíno é investigada pela Delegacia de Homicídios. Com informações da Folhapress.