Uma variável importante para o sucesso do empreendimento rural é o uso da boa técnica. Dedimar leva isso a sério: “Toda terra precisa ser corrigida”, diz, lembrando o processo de preparo antes e depois do plantio dos cocos e outras culturas.
Mas outra fonte de renda da colônia também requereu aprendizado: a criação de peixes.
“Quando trabalhava com meu patrão, a gente já criava uns peixes, mas não sabia nada sobre. Uma vez compramos sete mil tambaquis, soltamos dentro do açude e depois de cinco anos o maior dava 300g”, relata, rindo do passado.
Depois dessa experiência, já em seus próprios açudes aplica diariamente os ensinamentos de um engenheiro de pesca, levado pelo governo do Estado no início dos anos 2000. “Daí que fui ter noção de como se criava, totalmente diferente do que a gente pensava. Agora com dez meses já temos peixes de quatro a cinco quilos”, afirma, apontando para a matrinxã que acabara de limpar e que logo colocaria na brasa para o almoço.
Com mais experiência, agora o agricultor busca novas possibilidades de cultivo, como maracujá e açaí. “Quero ampliar para o açaí, eu vejo como uma boa fonte de renda também. Acredito que a despesa vai ser bem menor que as outras atividades”. Apontando para um pé de açaí plantado logo que chegou no local, diz que ele está servindo de experiência, já que produz o fruto o ano inteiro.
Força na sustentabilidade
A vivência com Dedimar e sua esposa revela uma face interessante da sustentabilidade, conceito discutido em tempos de globalização, e levado a risca no desenvolvimento do estado: os produtos da pequena e familiar fazenda são ofertados no mercado local, gerando renda no próprio território acreano; a propriedade tem um grande pedaço de floresta preservada, que garante sua reserva legal e também propicia água constante e de qualidade para seus açudes; por fim, seu cotidiano oferece o bem-estar que necessita para sua vida.
Ele explica como tem alcançado esse bem-estar: “É uma alegria, um prazer medonho [imenso] trabalhar nessas atividades de agricultura. O que muitos dizem que é trabalho pesado aqui no campo, tenho como esporte. Ficar na beira do açude jogando ração para os peixes, depois tirar um coco e o leite da vaca. Isso tudo é muito bom, muito gratificante. É a felicidade total ter um negócio desses”.
Sobre a área preservada que tem em sua propriedade, é categórico e um exemplo de agroecologia: “Essa área com mata é intocável. A nascente dos meus açudes está aí nessa mata, minha água aqui é de qualidade por isso”. Dedimar não fala isso da boca pra fora, ele lembra bem como era no passado e sabe o quanto foi prejudicial para a natureza: “Quando eu trabalhava em fazenda, o negócio era chegar e derrubar 100 a 200 hectares e botar fogo. Mas chegou essas leis, que muita gente critica porque não tem o conhecimento da realidade que acontece no nosso planeta”.
O modelo de desenvolvimento do estado, construído em uma parceria constante entre governo e população, tem dado resultados positivos. Nos últimos dez anos, o Acre conseguiu diminuir seu desmatamento em cerca de 57% e mesmo assim elevar seu PIB, que entre 2011 e 2014 teve uma evolução de 18,2%, o oitavo maior entre as unidades da federação, alcançando R$ 13,46 bilhões.
A consciência de Dedimar contribui para que o estado siga seu curso para um futuro responsável social e ambientalmente. “Cheguei à conclusão que a gente pode produzir em uma área pequena e sem jogar a mata no chão. Você tem que saber aproveitar a terra”, ensina o produtor. E continua: “A gente tem que chegar a um bom senso que as coisas não eram como pensávamos, só desmatar e desmatar. Hoje, você comprar um adubo e corrigir o solo sai muito mais barato que derrubar uma área inteira. Por exemplo, aqui já plantei maracujá e melancia várias vezes”.
O bem-estar de viver com o sorriso no rosto, estabilidade financeira, aliado às várias possibilidade de melhorar o seu sustento é o que torna a experiência de Dedimar tão importante. Isso, ele sabe e não pretende deixar esvair: “Quando paro para refletir, eu só penso o dia de amanhã. Quero continuar para frente, porque isso aqui para mim é um sonho realizado. A gente é feliz no que vive e no que produz”.
Com informações da Agência de Notícias do Acre.