A Polícia Federal no Acre (PF-AC) deflagrou nesta sexta-feira (3) a Operação Leviatã com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que atuava dentro e fora dos presídios do Acre. Ao todo, foram cumpridos mais de 40 mandados, sendo 11 de prisões, 15 de busca e apreensão e três conduções coercitivas de servidores da Justiça.
Foram feitas buscas dentro dos presídios Francisco D’Oliveira Conde e da unidade de segurança máxima Antônio Amaro Cavalcante. Na ação, atuaram quase 100 policiais federais, 25 policiais do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope-AC) e 13 agentes do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen-AC).
O delegado da PF-AC Fares Feghali explica que a organização criminosa movimentou ao menos 1,5 milhões com tráfico de drogas, armas, incluindo fuzis, metralhadoras e granadas. Além disso, a quadrilha está envolvida em roubos sequestros e homicídios, tanto em Rio Branco, como interior do estado.
“Após investigações conseguimos descobrir uma cadeia criminosa gigantesca que se alastrava por todo estado e era comandada diretamente dos presídios da capital. Então, foi uma ação intensiva e acreditamso que houve o desmantelamento de um braço armado do PCC e um grande golpe nessa organização criminosa”, afirma o delegado.
A organização teria comprado o armamento para matar membros de facções rivais durante a guerra das organizações criminosas no estado.
“De dentro do presídio havia a comunicação diária entre os criminosos, inclusive ordenando a compra de armas, drogas e falando das guerras entre facções. Após a operação, essas pessoas vão ser isoladas pelo sistema penitenciário como também acreditamos que os celulares apreendidos vão ajudar a desmantelar ainda mais o PCC e outras facções criminosas”, destaca Feghali.
O delegado diz ainda que a participação dos funcionários da Justiça no repasse de informações sobre as investigações para as facções vai ser apurado.
“Apuramos que houve o repasse de informações que são prejudiciais a operações da PF-AC, do próprio Judiciário e também de outras forças policiais. Vamos continuar trabalhando para que nenhum membro de qualquer instituição do estado use a função pública para ajudar criminosos”, destaca.
A investigação foi conduzida pela Delegacia da PF-AC de Epitaciolândia e Vara Criminal de Brasileia, no interior do Acre. A investigação, que teve início há seis meses, investigava o tráfico de drogas, mas acabou descobrindo uma ramificação de uma facção criminosa após prender uma das transportadoras de cocaína dá organização.
“O dinheiro era repassado diretamente pelo PCC para essa guerra de facções. Além disso, pela magnitude das pessoas que foram presas, acreditamos que isso vá ter um grande impacto nessa organização. Essa organização era uma ramificação do PCC e a líder máxima foi presa esta manhã, o que vai dar uma grande diminuída no poder da facção criminosa”, afirma.
Mortes
Somente em janeiro, o Acre registrou mais de 40 mortes violentas. Os dados são do Sistema de Consulta de Cadáver do Instituto Médico Legal (IML). Ao todo, 29 vítimas morreram por disparo de arma de fogo, desse total quatro morreram durante confronto com a polícia. Os outros oito crimes foram praticados com arma branca.
A onda de homicídios voltou a ser ligada à guerra de facções novamente pelo secretário de Segurança do Acre, Emylson Farias, em dezembro de 2016. “Disputa por território, briga entre facção rival e pessoas que praticam e vivem no mundo do crime isso nunca vai deixar de ter. É uma situação que pode ocorrer. A gente pode passar um mês sem ter um [caso de homicídio] e pode acontecer um final de semana que ocorra isso [muitas mortes]”, afirmou o secretário na época.
Com informações do Portal G1.