Mortalidade infantil no Brasil cai, mas ainda preocupa

O Brasil alcançou o Objetivo do Milênio nos últimos 20 anos e reduziu a mortalidade infantil a um terço. Apesar do progresso considerável, o Ministério da Saúde classificou 67,5% das 44.537 mortes de crianças de até 4 anos em 2014 como evitáveis.

De acordo com um levantamento feito pelo sociólogo Júlio Jacobo e publicado no O Globo, das 29.241 mortes por causas evitáveis registradas em 2014, 21.368 poderiam ter os riscos detectados com cuidados no pré-natal, no parto e logo após o nascimento. Em 3.972 casos, diagnóstico e tratamento adequado na primeira infância poderiam ter evitado as mortes.

As demais mortes foram causadas por motivos externos como acidentes de transporte (488), afogamentos (427), deficiências nutricionais (334) e agressões (210).

“As mortes por causas evitáveis são aquelas que não deveriam ocorrer porque a tecnologia de atendimento à saúde já existe e deveria estar disponível a toda a população, mas não está. Há grandes desníveis de acesso ao sistema de saúde no Brasil”, explicou o especialista.

Na década de 90, as principais causas de morte de crianças na primeira infância eram diarreia, pneumonia e tétano, segundo a doutora em saúde pública Sônia Lansky. Com a melhoria da condição de vida da população, estes casos diminuíram e agora são superados por mortes na gestação, no parto e de recém nascidos decorrentes de problemas congênitos, conforme publicou o Extra.

Atualmente, 76% das gestantes fazem mais de sete consultas de pré-natal, o que é considerado um avanço pelos profissionais de saúde.

Um dado que preocupa é o excesso de cesarianas. Em 2014, 56,7% dos bebês nasceram por cesarianas, o que gera um grande número de bebês vindo ao mundo prematuros, com baixo peso e idade gestacional.

O peso médio dos bebês ao nascer está abaixo de três quilos, o que aumenta o risco. Os bebês sofrem também com o uso da ocitocina para acelerar contrações, entre outras intervenções no parto.

O Ministério Público Federal investiga desde 2014 a violência obstétrica sofrida em hospitais públicos de São Paulo. Segundo denúncia, as gestantes eram submetidas indiscriminadamente a episiotomia, ocitocina para acelerar o parto e Manobra de Kristeller. As instituições se comprometeram a abolir os procedimentos.

 

Com informações de Notícias ao Minuto.