Moradores do bairro da Lagoa, em Cruzeiro do Sul, procuraram a equipe de reportagem do Jornal Juruá Em Tempo, para denunciar o abandono que estão vivendo em meio a enchente do Rio Juruá. Na manhã desta terça-feira (01), estive no local e acompanhei a situação precária que muitos deles estão vivendo. Crianças e idosos estão vivendo em meio a enchente, dentro de suas casas, já que, segundo eles, não receberam nenhum tipo de atendimento vindo da Defesa Civil ou órgãos competentes.
Além de reclamarem pela situação de abandono, muitos deles relataram que vivem uma situação alarmante no local, já que, se abandonarem as residências e se abrigarem em outro local, correm o risco de perder todos os bens que possuem em suas casa, já que a onda de furtos no local é grande.
Alcilene Maria Silva, moradora a mais de 10 anos no local, relatou que nunca havia alagado onde eles moravam. Antes que as águas pudessem invadir sua residência, a moradora relatou que procurou os órgãos responsáveis, para que pudesse se feito a retirada os móveis do local. Após promessas, ninguém apareceu no local e ela juntamente seu esposo tiveram que levantar os móveis, usando um madeira, para que as águas não chegasse até eles.
“Procuramos a Defesa Civil, antes que a água entrasse dentro da nossa casa, mais ninguém apareceu aqui. Procurei eles pela manhã, a moça me garantiu que estariam aqui a tarde, mais ninguém veio até nós. Depois que as águas invadiram nossa casa, tivemos que atrepar os móveis de alguma forma, para que as águas não o levassem”, ressaltou.
De acordo com os moradores, cerca de 1500 pessoas foram atingidas pelas cheias do rio Juruá. Muitos deles, não estão conseguindo sequer se alimentar, já que muitos acabaram perdendo matérias de cozinha, como fogão e botijas de gás.
O idoso Francisco Carlos dos Santos, de 68 anos, deficiente do braço e cego, também vive situação precária no local. Morador no local a mais de 40 anos, ele ressalta que nunca as águas do Rio Juruá haviam invadido sua residência. Após ser tomada pela cheia, o idoso é obrigado a passar o dia inteiro andando com os pés sob as águas, já que segundo ele, se deixar o local, ele acaba perdendo tudo que têm dentro dela.
“É muito difícil para gente. Se ficarmos, vivemos uma situação triste, e se sairmos, acabamos sendo roubados. O que nós queremos de verdade, é que alguém, das autoridades, possa nos trazer alimentos, já que é muito difícil para se locomover e sair daqui. Devido isso, acabamos sendo obrigados a ficar aqui e muitos acabam passando até fome, porque não tem o que comer”, ressaltou o idoso.
“Perdi tudo meu filho. Havia comprado algumas coisas, para revender por aqui, mais devido a essa enchente e ao corte da energia elétrica no local, acabei perdendo algumas coisas que iria vender. Fora que, aqui dentro, aparece constantemente cobras, aranhas e outros animais peçonhentos, e o pior, as fezes, que vêm de alguns sanitários. Precisamos que as autoridades, olhem de verdade para nós, porque senão, continuaremos vivendo aqui, nessa precaridade”, ressaltou a comerciante.
Muitos não tem o que comer, e até mesmo beber. No local, a maioria solicita que as autoridades responsáveis em dar assistências nessas situações, disponibilizem alimentos não perecíveis; já que alguns chegam a passa fome, por não ter como preparar o alimento diário.
A Defesa Civil foi procurada, mais até o fim desta matéria, não conseguimos contato.