Cerca de 7% dos sacerdotes católicos na Austrália já foram acusados de cometerem pedofilia desde 1950, de acordo com a maior investigação sobre crimes sexuais contra menores de idade feita no país. O relatório, divulgado nesta segunda-feira (6) por uma comissão federal de investigação que demorou quatro anos para concluir o trabalho, aponta que 4.444 pessoas denunciaram abusos sexuais cometidos por religiosos entre os anos de 1980 e 2015 na Austrália.
Destas denúncias, 93 ocorreram em escalões diretamente ligados à Igreja Católica. A idade média das vítimas é de 10 anos e meio entre as meninas (22% dos denunciantes) e de 11 anos e meio para os meninos (78% dos denunciantes).
As vítimas demoraram cerca de 33 anos para apresentarem a queixa. A maioria das denúncias, porém, foi arquivada, e os pedófilos acabaram sendo transferidos de cidade para abafar o escândalo, denunciou a investigação.
“Das 1.880 pessoas identificadas como suspostos abusadores, 597 eram homens religiosos, 572 eram sacerdotes, 543 eram laicos e 96 eram irmãs religiosas”, disse o relatório. Este é o mais mais profundo estudo de casos de pedofilia na história da Austrália, que apurou episódios na Igreja, em institutos beneficentes, governos locais, escolas, organizações comunitárias, clubes e delegacias de polícia.
Os dados foram apresentadas pela advogada da comissão, Gail Furness, que criticou o fato da Santa Sé se negar a entregar documentos oficiais. “A Santa Sé respondeu que não era possível nem apropriado fornecer as informações solicitadas”, disse.
“As vítimas foram ignoradas ou, em casos piores, punidas. As denúncias não foram investigadas. Padres e religiosos foram transferidos e as novas comunidades para onde foram não sabiam de nada sobre seus passados. Os documentos não foram conservados, foram até destruídos”, afirmou Furness.
A comissão australiana de investigação foi criada em 2012 sob ordem do governo, após despontarem uma denúncias contra religiosos no país e no mundo. Os casos de pedofilia na Igreja não são recentes e, nos últimos anos, provocaram uma série de escândalos em vários países. Crimes cometidos nos Estados Unidos deram origem ao filme “Spotlight: Segredos Revelados”, vencedor do Oscar de 2016.
Com informações da ANSA.