Filha de Nando Reis viaja a América do Sul com o marido em antigo carro do pai. O casal chegou ao Acre após passar por 7 países

Casados há quase dois anos, o casal Arthur Chacon e Sophia Reis, ambos de 28 anos, decidiram colocar o pé na estrada e tirar do papel o projeto Caudalosa América com objetivo de viajar em um carro pela América do Sul registrando todos os momentos e lançar um livro sobre a experiência.

Os dois estão na estrada desde o dia 1º de março de 2016 e já conheceram o Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia.
A dupla comprou o carro do pai da jovem, o cantor Nando Reis. Como presente de casamento, ganhou a adaptação do veículo com armários, encanamento e sofá, além de diesel, ferramentas e pneus. Eles também fizeram um financiamento coletivo em uma plataforma online onde arrecadaram R$ 32,2 mil. Os dois gastam em média US$ 35 por dia, cerca de R$ 109, conforme a cotação atual da moeda.
“O plano é completar um ano e meio de viagem. Nossa ideia sempre foi viajar por terra e observar essa transição da paisagem, dos costumes e dos habitantes de cada localidade. Toda a adaptação do carro e o planejamento da viagem demorou ao menos um ano. De todos esses países, Sophia e eu conhecíamos apenas a Argentina, mas isso foi em viagens que fizemos separados”, explica Chacon.

Sophia é atriz e jornalista e Chacon trabalhava com turismo educacional. Os dois já viajavam bastante, mas queriam desbravar novos locais juntos e passar por novas experiências – dessa vez em uma viagem mais longa e com mais paradas. Inicialmente a ideia era ir para os Estados Unidos. Devido aos altos custos, eles decidiram desbravar a América do Sul.
“A gente tem uma cultura muito rica, nessa viagem passamos por paisagens muito exuberantes, uma diversidade muito grande. Temos a Cordilheira dos Andes, Salar de Uyuni, maior planície de sal do mundo, deserto, Floresta Amazônica e neve, tudo na América do Sul”, destaca.

Do roteiro, os dois destacam a passagem pelo Atacama, no Chile, onde trabalharam por três meses em uma agência de turismo. O Peru, onde ficaram mais de dois meses, também foi um dos locais preferidos do casal, que destaca a riqueza arqueológica do país. Já o Equador, segundo eles, foi uma grande surpresa.
“O Equador é um país relativamente pequeno em relação aos outros, mas ele tem vulcão, praia, floresta amazônica e passamos por todas essas paisagens muito encantados com as pessoas que são muito generosas. O Arthur e eu sempre quisemos passar por toda essa experiência juntos e isso nos aproximou cada vez mais”, afirma Sophia.
De todas a descobertas, a maior delas foi a pequena Catalina, uma gatinha adotada por eles na estrada. O animal quase foi atropelado, mas agora faz parte da família.

Rio Branco
Há cinco dias em Rio Branco (AC), com o carro estacionado no quintal de um amigo, o casal já experimentou a fruta araçá boi e se apaixonou por um salgado típico do Acre, o quibe de arroz. Chacon e Sophia ainda querem experimentar o tacacá e a “baixaria” prato feito com cuscuz, carne moída, ovo frito, tomate e cheiro verde.
“A gente não sabia muito o que esperar, mas podemos dizer que gostamos de tudo que vimos no Acre. Já fomos em alguns locais como o Parque da Maternidade, Palácio Rio Branco e adoramos o Mercado Velho e o Mercado do Bosque. Ao contrário do que as pessoas pensam, o nosso gasto na estrada é bem menor do que o que tínhamos quando estávamos em São Paulo, por exemplo”, destaca Sophia.
Mudanças
Após quase um ano na estrada, o casal afirma que a percepção de mundo que tinham quando saíram de São Paulo em 2016 mudou. Eles destacam que passaram a valorizar ainda mais a cultura da América do Sul. Chacon lamenta que a maioria dos roteiros turísticos sejam voltados para Europa e Estados Unidos.
“A minha transformação maior é de reescrever na própria cabeça a nossa história, para saber que a Europa tem um peso, mas a América do Sul tem um peso muito maior. Acredito que houve uma mudança interna a partir do momento que passamos a conhecer melhor a nós mesmos, após visitar os locais do período Inca e a civilização dos Andes, ou os fluxos que existiam na Amazônia, e tudo isso se conecta de alguma forma com a gente”, finaliza.

 

Por Quésia Melo