O deputado federal Moisés Diniz (PCdoB) fez o trajeto Rio Branco – Tarauacá de ônibus pela BR 364 para conferir de perto as condições da viagem. Na volta, o deputado irá fazer o mesmo trajeto de caminhonete, detalhando as condições em um relatório para o Ministério do Transportes. Suplente de Sibá Machado (PT), Moisés assumiu a vaga há apenas quatro meses, e afirma “não tem ninguém inocente nessa BR 364”, referindo- se aos partidos de situação ou de oposição ao governo do estado. Moisés propõe a destinação de uma emenda coletiva anual para manutenção rápida da BR e que a fiscalização da estrada seja feita pelos cidadãos. O deputado concedeu entrevista em Tarauacá.
Como foi a viagem pela BR de ônibus?
Quis fazer essa viagem de ônibus para sentir a BR pelo ponto de vista da população. Quem é rico, ou classe média, viaja nela de caminhonete, ou ainda, de avião. Ônibus é a população mais carente que usa. Tinha mulheres e crianças. Algumas empresas, pela condição da estrada, estão colocando ônibus também em condições precárias. Uma das empresas por exemplo, coloca a opção: ou você viaja em um ônibus com ar condicionado, ou com, banheiro, porque ou um ou outro estão quebrados. Ontem por exemplo, tinham pelo menos seis crianças, tinha uma mulher grávida de oito meses. O ônibus nessa estrada é como um pula-pula para adulto. Então essa viagem era mais para estar junto à população, a viagem de volta eu farei de caminhonete, vendo o detalhe da estrada e produzindo um relatório para o ministério dos Transportes.
A BR 364 suscita um longo debate a cerca dos altos valores gastos, os problemas de solo e drenagem, a falta de manutençã?
Nessa BR não tem inocente. Todos os políticos do Acre, nenhum é inocente. Sejam os políticos que já governaram o estado, ou os que estão governando, ou os que querem governar, TODOS, de uma forma ou de outra se envolveram com essa estrada que já tem mais de 50 anos.
Portanto: PMDB, PP, PT,PSB, PCdoB. Qualquer ‘P’ tem envolvimento com essa estrada. Seus deputados, seus senadores, seja no presente ou seja no passado. Mesmo aqueles deputados e senadores que são oposição ao governo do Acre e hoje são da base do governo Temer, lá atrás eles já faziam parte do governo Dilma. O presidente Michel Temer não é apenas presidente há seis meses, ele é vice-presidente há seis anos. O Ministério dos Transportes já era PMDB e o DNIT já era PMDB. Então não tem inocente nesse jogo. E eu não quero condenar ninguém. Quero inclusive me colocar também como responsável. Fui deputado estadual por 12 anos, faço parte da política, então também tenho responsabilidade.
O que eu não estou fazendo e nem vou fazer é procurar culpados: ‘A culpa é da Dilma, a culpa é do Tião, a culpa é do Temer, a culpa é do Gladson’… Não isso, eu não vou fazer. O que eu vou fazer é me aproximar da população , ver como ela enfrenta as suas dificuldades e sobretudo, apresentar propostas.
E que propostas seriam estas?
A proposta central é que a bancada federal acreana coloque todo ano um valor fixo, que deve ser estudo, algo entre 40 e 70 milhões de reais para manutenção da BR 364, isso todo ano. Todos juntos conseguiríamos colocar esse recurso para manutenção. Teríamos uma estrutura mínima, uma próxima a Cruzeiro e outra em Sena, ou no meio, em Feijó, para que seja feita a rápida manutenção. Porque quando abre um buraco de 30 cms, se não cuidar, em duas semanas, ele estará com três metros. É uma cratera. Pode facilmente matar um motociclista, um motorista, pode danificar uma peça de um carro que chega a custar 3 mil reais. Ou seja: uma emenda coletiva para manutenção rápida da BR. Porque não tem jeito, em baixo nosso solo aqui todo ele é água. Sempre vai ter que ter manutenção.
Fiscalização Cidadã
Nós da esquerda, que governamos o Acre há 18 anos, descuidamos do aspecto da participação popular em relação à BR. Tem conselho para a saúda, para a educação, para a segurança, para as áreas indígenas. Tem que ter também um conselho, uma espécie de fórum permanente para acompanhar e fiscalizar as obras da BR, para inclusive denunciar quando for o caso. Uma ideia seria um portal para que as pessoas pudessem publicar fotos, fazer denúncias, identificar os órgãos de controle, sejam elas instituições políticas ou jurídicas. Então vou ficar esse ano de 2017 nessas duas frentes: garantia de uma emenda coletiva para manutenção da estrada, após a reconstrução, para já em 2018. E para que nas regionais de Sena, Feijó , Tarauacá e Cruzeiro a gente venha construindo, de baixo para cima esses comitês de fiscalização da BR que não seja uma coisa que venha de cima para baixo. Quando a gente constituir informalmente estes comitês do ponto de vista da participação popular dos sindicatos, das igrejas, dos movimentos sociais, das comunidades extrativistas, das populações indígenas que são atravessadas pela BR. Quando esses comitês estiveram formatados, aí eu apresento, na câmara federal esse projeto de lei criando esse comitê de gestão e fiscalização da BR 364.