NOVA YORK e BRASÍLIA – O empresário Eike Batista, alvo de um mandado de prisão da Operação Eficiência, defalgrada na última quinta-feira, chegou na noite deste domingo ao aeroporto JFK, em Nova York, para se entregar à polícia no Brasil. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, chegou a determinar a inclusão do nome do empresário na lista “difusão vermelha” da Interpol, que reúne pessoas foragidas da Justiça.
Eike está no voo 973 da American Airlines, com decolagem prevista para as 21h45m deste sábado (0h45m no horário brasileiro de verão), com pouso previsto para as 10h30m desta segunda-feira no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Eike chegou ao aeroporto às 18h50m acompanhado de um auxiliar, que não embarcou no voo. Perguntado por um brasileiro se ele era culpado ou inocente, Eike seguiu em silêncio e não respondeu a nenhuma pergunta.
Acusado de pagar propina ao ex-governador Sérgio Cabral, Eike viajou para Nova York na noite de terça-feira, também em um voo da American Airlines, dois dias antes da Polícia Federal deflagrar a Operação Eficiência, segunda fase da Operação Calicute, um desmembramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Eike apresentou o passaporte alemão no momento no check-in e passou na imigração com o documento brasileiro. O voo chegou à cidade americana na quarta-feira, às 6h30m.
O governo brasileiro tinha o temor de que Eike poderia não se entregar. Com cidadania alemã, ele poderia ir ao país Europeu para evitar a prisão. O ex-bilionário poderia tentar evitar as prisões brasileiras, uma vez que há uma polêmica se ele possui ensino superior completo: sem diploma, poderia ser direcionado para presídios piores, com superlotação.
DESTINO NA PRISÃO
Em “O X da questão”, sua biografia, e em seu depoimento à CPI do BNDES, em 2015, por exemplo, o empresário admite não ter concluído o curso de engenharia na Universidade de Aachen. Em outros documentos, como o prospecto de lançamento das ações da OGX no mercado financeiro, Eike informa que se formou engenheiro.
O perfil dos presídios estaduais — os presos são divididos de acordo com o regime a que estão submetidos, o nível de escolaridade e a facção do crime organizado a que pertencem — ajuda a indicar o caminho a ser seguido caso os critérios habituais sejam mantidos.
De acordo com uma autoridade ligada ao sistema penitenciário, dois presídios na cidade do Rio, onde o empresário mora, recebem detentos com o mesmo perfil de Eike: preso provisoriamente, sem graduação universitária e sem conexão com nenhuma facção. Tanto o Presídio Ary Franco, em Água Santa, quanto o Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, ambos na Zona Norte, estão superlotados. Há outras duas unidades com o mesmo perfil, mas localizadas na Região Metropolitana: as cadeias públicas Contrin Neto, em Japeri, e Hélio Gomes, em Magé.
O Ary Franco opera atualmente acima do dobro da capacidade: 2129 presos para 968 vagas. No Evaristo de Moraes, há 2116 detentos para 1497 vagas. A mesma autoridade, no entanto, pontua que o direcionamento é “subjetivo” e leva em conta também o “risco à segurança do preso”. Na prática, a Seap pode, portanto, encaminhar Eike até mesmo à Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, destinada a presos com ensino superior — onde há 154 vagas e atualmente 92 detentos, entre eles Sérgio Cabral.
Outra alternativa é o Complexo de Gericinó, na Zona Oeste. Lá, não há superlotação, mas os problemas são outros: por ser pensada como uma unidade de triagem, os presos não recebem visitas, não há colchonetes e horários previstos para o banho de sol.
O Globo