Diante da profundidade da recessão, a implementação de um teto de gastos públicos e a redução da taxa de juros pelo Banco Central são insuficientes para que o país volte a crescer, de acordo com análise de economistas do Ipea.
Para que essas medidas tenham efeito, o governo precisa estruturar um “arcabouço constitucional e infraconstitucional que dê suporte crível a um novo regime fiscal”, escrevem os pesquisadores José Ronaldo Souza Jr e Paulo Levy.
Entre as medidas citadas, eles destacam reformas da Previdência e das legislações tributária e trabalhista, além de mudanças regulatórias para estimular o investimento privado e maior participação do Brasil no comércio internacional.
“O que se espera é que a gravidade da conjuntura atual seja capaz de evitar um novo e perigoso adiamento de tais mudanças”, afirmam os economistas.
O PIB do terceiro trimestre, divulgado na semana passada, mostrou uma queda de 0,8% em relação ao período o anterior. Caso o indicador continue estagnado no quarto trimestre, a expectativa é que a economia acumule um encolhimento de 3,4% no ano, calculam os economistas do instituto.
Jogam contra a recuperação o desemprego elevado, em 11,8%, que freia a retomada do consumo das famílias, a alta capacidade ociosa na indústria, que desestimula novos investimentos, e a elevada taxa de endividamento, que enfraquece os efeitos da redução da taxa de juros.
O afrouxamento monetário, apontado no documento como um dos principais motores de crescimento, também é limitado em razão do tempo que a economia leva para responder ao seu estímulo. Esses “meses de defasagem” fazem com que os efeitos sobre a economia demorem a ser percebidos “com mais intensidade”, dizem os autores.
Por isso, o governo precisa avançar reformas estruturais, como forma de melhorar a confiança e estimular investimentos -sobretudo os de longo prazo, como em infraestrutura.
Sem espaço para aumento do gasto público, a equipe econômica depende do capital privado “como única alternativa” para retomar o crescimento.
“A inação num momento crítico como o atual poderia contribuir para manter e, até mesmo, aprofundar o ciclo recessivo”, afirmam os economistas.
Entenda o que é o PIB:
O PIB, Produto Interno Bruto, é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor adicionado à economia em um determinado período.
O PIB pode ser calculado pela ótica da oferta e pela ótica da demanda. Os métodos devem apresentar o mesmo resultado.
Desde o último trimestre de 2014, o IBGE passou a aplicar diretrizes da ONU que alteraram parcialmente os cálculos para o PIB. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, prospecção e avaliação de recursos minerais (mesmo que não sejam encontradas, por exemplo, jazidas de minério ou petróleo) e aquisição de softwares passaram a ser contabilizados no PIB.
Com informações de Notícias ao Minuto.