O Brasil perdeu 1,510 milhão de empregos formais em 2015, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira (16). O resultado é o pior da série da pesquisa, iniciada em 1985.
Com tamanha baixa no mercado de trabalho formal, o estoque de trabalhadores que era de 49,6 milhões no final de 2014 recuou para 48,1 milhões de postos no final de 2015.
Além dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que englobam os trabalhadores celetistas, os números da Rais também incluem os servidores públicos federais, estaduais e municipais, além de trabalhadores temporários. A pesquisa, divulgada anualmente, é considerada uma das principais fontes de informações sobre o mercado de trabalho formal brasileiro.
A última vez que o país tinha registrado perda de empregos formais no acumulado de um ano tinha sido em 1992, quando foram eliminados 623 mil postos de trabalho.
Em 2014, o Brasil fechou o ano com a criação de 623 mil empregos formais.
Rendimento médio cai 2,56%
Entre os celetistas, a queda do nível de emprego chegou a 3,45%, representando um declínio de 1.364.280 postos de trabalho, segundo o balanço. Já entre os estatutários a queda foi menor, de 1,51%, correspondente à eliminação de 135.738 empregos formais
A pesquisa aponta ainda que os rendimentos médios reais dos trabalhadores caíram 2,56% em 2015, na comparação com 2014. Em termos absolutos, a remuneração média individual passou de R$ 2.725,28 em 2014 para R$ 2.655,60 em 2015.
Caged
Até então, só tinham sido divulgados os dados consolidados de 2015 referentes ao Caged, que apontou segundo dados divulgados em janeiro a perda de 1,54 milhão de empregos formais no ano passado. O resultado foi o pior para um ano da série histórica do Ministério do Trabalho, que tem início em 2002.
O recorde de geração de empregos formais, para um ano fechado, aconteceu em 2010, quando foram criadas 2,54 milhões de vagas.
Análise por setores e regiões
Somente a agricultura apresentou expansão no nível de emprego em 2015, com a criação de 20,9 mil postos formais. Nos outros setores foram registradas quedas, sendo mais significativas na indústria de transformação (-604,1 mil), na construção civil (-393 mil) e no comércio (-195,5 mil).
Na análise por região demográfica, as maiores quedas foram registradas no Sudeste (-900,3 mil), no Nordeste (-233,6 mil) e no Sul (-217,2 mil). Somente 3 estados registraram aumento no número de emrpegos formais: Piauí (3 mil), Acre (2,8 mil) e Roraima (2,2 mil).
Por faixa etária, os dados da Rais mostraram que a tendência de queda foi bem mais acentuada para os mais jovens, especialmente para os que possuíam entre 18 e 24 anos, faixa na qual foram eliminados 673.446 postos.
Postos fechados em 2016
No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, segundo o Caged, foram fechados 623 mil postos com carteira assinada. Foi o pior resultado para este período desde o início da série histórica do Ministério do Trabalho, que, neste caso, começa em 2002.
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego ficou em 11,6% no trimestre encerrado em julho – a maior da série histórica, que teve início em 2012. Já o número de desocupados alcançou 11,8 milhões de pessoas – também o maior número desde o início da série.
Projeções das consultorias Tendências e GO Associados, com base nas estimativas do mercado para o PIB (Produto Interno Bruto), apontam que só a partir de 2021 o Brasil deverá recuperar o nível de estoque de empregos formais do final de 2014.