Gastos de turistas devem crescer no mundo em 2016, mas não no Brasil

Apesar de crises e desacelerações atingirem a economia de diversos países e de ameaças terroristas surgirem constantemente, a contribuição do turismo com o PIB global deve crescer em 2016, em relação ao ano passado.

A informação é do WTTC (Conselho Mundial de Viagens e Turismo), organização de promoção do setor, que divulgou nesta semana um relatório sobre o impacto econômico do turismo.

O documento prevê que o gasto com viagens cresça 3,1% neste ano.

O número é um pouco menor do que um prognóstico feito pela mesma entidade em março, que apontava um crescimento de 3,3%. Ainda assim, representaria evolução superior ao crescimento global da economia, que, segundo a estimativa da organização, será de 2,3%.

“Problemas macroeconômicos têm um impacto muito maior no setor de viagens do que ataques terroristas”, disse à agência Associated Press David Scowsill, presidente do Conselho. “Turistas não devem permitir que ataques terroristas isolados os impeçam de viajar”.

Scowsill afirmou que destinos que são alvo de atentados voltados especificamente contra turistas levam, em geral, dois anos para se recuperar, enquanto que em outros tipos de ataques a retomada das viagens se dá mais rapidamente.

Recentemente, por exemplo, a Espanha e a Itália divulgaram dados de aumento no fluxo de turistas –uma das hipóteses levantadas por analistas é a de que pessoas preocupadas com a segurança depois de atentados na França optaram por ir a esses países vizinhos; os franceses tiveram queda no volume de viajantes.

Segundo o WTTC, em termos regionais o maior crescimento no ano da contribuição do turismo no PIB (5,9%) deve se dar no mercado do sul da Ásia, puxado principalmente pela Índia.

No outro extremo, a América Latina deve ter o pior desempenho, com uma queda de 0,9% –tendo o Brasil como principal responsável pelo mau resultado.

Nesta semana, o próprio Banco Central divulgou que o gasto de brasileiros no exterior em julho, período de férias escolares, foi o menor para o mês em sete anos –o acumulado do ano aponta redução de 32%.

“O câmbio e a renda menor neste ano ajudam a explicar a menor demanda por viagens ao exterior”, avaliou o chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel.

Na balança, o resultado brasileiro terá, por outro lado, o impacto positivo degastos de turistas estrangeiros durante a Olimpíada do Rio.

Na Europa, o crescimento deve ser de 2,2%; no Reino Unido, que recentemente optou por deixar a União Europeia, espera-se que a taxa seja superior e alcance 3,6%, muito em parte graças ao gasto maior de turistas estrangeiros na região, estimulado pela desvalorização da libra esterlina.

O WTTC analisa dados do turismo em 184 países. Se confirmado o crescimento, 2016 seria o sétimo ano consecutivo de alta na contribuição do turismo no PIB global.

RITMO MAIS LENTO

A Associated Press lembra que, além do WTTC, outras entidades do setor têm dados que mostram, apesar do aumento geral, uma queda no ritmo dos gastos com viagens.

A Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) recentemente divulgou que, ainda que mais pessoas estejam voando, a tendência de alta “se tornou mais moderada desde janeiro” –e a percentagem de assentos ocupados chegou a sofrer uma leve queda.

“O cenário econômico frágil e incerto, abalos políticos e uma onda de ataques terroristas têm contribuído para um ambiente de demanda menor”, disse o chefe da associação, Tony Tyler, em um comunicado.

Em abril, a Global Business Travel Association alertou para um volume menor de viajantes dos Estados Unidos.

 

Com informações da Folha de São Paulo.