Falta de chuvas prejudica pecuária no Acre

A falta de chuvas tem trazido prejuízos para a pecuária acreana e cresce o medo de que a seca no pasto e nos açudes leve os produtores a perder o rebanho. Na região de Porto Acre, os produtores estão cortando o capim que está à margem dos ramais e dos igarapés. Como nessa região o solo ainda está úmido o capim resistiu à falta de chuvas, mas essa alternativa começou a ficar escassa, é que são poucos os locais com a vegetação verde e outros foram destruídos com as queimadas.

Flagramos o produtor rural Manoel Bezerra, tirando capim às margens de um igarapé que fica próximo a sua propriedade no ramal do Açaí, em Porto Acre. Na fazenda o pasto está seco, os animais estão passando fome, e para não perder o rebanho, todos os dias ele sai em busca de capim nas estradas.

Mas só o capim não basta, para manter os animais em pé, Manoel precisa misturar o capim cortado com sal mineral. “Se a gente não misturar, os animais não aguentam, as vacas não produzem. Eu preciso buscar alternativa para não perder meu gado. Tenho a esperança que logo vai chover”, acredita.

Mesmo assim todo o trabalho do Manoel não é suficiente: os animais perderam peso, as vacas que produziam 8 litros de leite por dia, agora só conseguem três litros. Sem o capim o produtor dobrou a compra de sal mineral o que gerou um custo a mais.

Na região de Porto Acre os pastos estão sumindo, a fome do gado é tão grande que ele come aquele broto seco do capim que fica junto ao solo. Em alguns locais ficou apenas a terra.

Até o capim que ficava a beira da estrada e nos locais próximos aos igarapés estão escassos, ou porque já foi retirado ou destruído pelo fogo. O gado foge em busca de alimento, mas não encontra.

O gado não procura só comida, com a falta de chuvas, os açudes estão secando. Numa propriedade encontramos um jacaré morto no meio do açude. Em outras propriedades os açudes secaram. Quem ainda tem água abre a cerca para que o gado do vizinho possa matar a sede.

O presidente da federação da agricultura do Acre, Assuero Veronez, disse que essa é uma das maiores secas já enfrentadas pelos produtores. Segundo ele, ainda não dá para medir os prejuízos. “Para piorar, os frigoríficos não estão comprando o gado e a fila para se vender um animal é grande, com isso eles vão perdendo peso”, reclamou.

O medo é que se as chuvas não voltem logo e o Acre comece a contar a morte de gado no pasto por fome e sede.

Na próxima terça-feira (30) o governo do estado vai se reunir com a federação da agricultura, na pauta a prorrogação de um decreto que baixou em 80% o valor de ICMS para a venda de bovinos para os estado de Rondônia e Amazonas. Se o governo reeditar o decreto pode ser uma alternativa para retirar o gado que está secando no pasto.

 

Com informações de Agazeta.