O lobista Milton de Oliveira Lyra Filho, apontado pelas investigações da Operação Lava Jato como operador de senadores do PMDB, teve operações financeiras consideradas incompatíveis com seus rendimentos entre 2011 e 2016. As conclusões são de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), diz o jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira (19).
O órgão, ligado ao Ministério da Fazenda, analisou atividades financeiras de uma empresa em que Lyra é sócio. No total, ele teria movimentado R$ 3,1 milhões de forma “suspeita”. A Procuradoria-Geral da União (PGR) trabalha com a hipótese de que as companhias seriam usadas como fachada para esconder atividades ilícitas. Entre os políticos que teriam recebido propina por meio do esquema, está o presidente do Senado, Renan Calheiros.
O estudo da Coaf foi uma das fundamentações usadas para o pedido de busca e apreensão contra Lyra e suas empresas, realizado no início deste mês. Segundo a reportagem, todas as empresas do lobista tinham o mesmo endereço, num escritório comercial do Lago Sul, bairro nobre de Brasília.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considerou “estranho” que três empresas de diferentes segmentos funcionassem no mesmo local, com o mesmo letreiro genérico de ML Group (iniciais de Milton Lyra). “Chama a atenção que as empresas Medicando, Credpag e Internet Pool funcionam em endereços da mesma galeria de lojas”, escreveu Janot no pedido de busca. “Para as atividades lícitas, o comum é que se tente chamar a atenção para o estabelecimento, o que inclui placas com o nome comercial, no intuito de captação de clientela”, completou.
Por meio de nota, a assessoria do lobista afirma que “todas as movimentações têm origem lícitas e são compatíveis com os serviços e o objeto social das empresas mencionadas”. Ela afirma também que “irá tomar as providências judiciais cabíveis contra os responsáveis tanto pelo vazamento quanto pela eventual divulgação” dos documentos, que estão sob sigilo judicial.
Com informações de Notícias ao Minuto.