Depois de uma negociação complicada e cheia de idas e vindas, o Borussia Dortmund anunciou oficialmente a contratação de Mario Götze. O meia assina contrato até 2020, em uma transferência que gira em torno de 23 ou 25 milhões de euros mais bônus por objetivos. Goste ou não, Götze está de volta.
Pouco mais de três anos depois de se transferir para o Bayern, Götze coloca um ponto final em sua passagem por Munique. É um exagero dizer que o meia fracassou no time bávaro, mas ele não conseguiu alcançar as expectativas, principalmente as que traçou para si mesmo. Götze retorna com um currículo recheado, mas ciente de que não entregou o que prometeu.
Com as camisas do Bayern de Munique e da Seleção Alemã, conquistou quase tudo que um jogador pode sonhar, mas, ainda assim, não conseguiu satisfazer seus desejos. Götze retorna infeliz e mais maduro. Essa transformação do jogador está ligada a sua própria experiência na Baviera.
Em junho de 2013, logo após deixar o Dortmund, Götze foi massacrado. A torcida queimou camisas, líderes do elenco como Hummels criticaram abertamente a sua decisão. Mario Götze era o vilão. Chegou a processar torcedores que “passaram dos limites”, como o trio de rappers Kopfnussmusik, após música dedicada à traição. Definitivamente, a despedida não foi tranquila.
Mas o meia escolheu o Bayern de Munique por convicção. Em sua primeira entrevista ao Bild como jogador bávaro, disse que optou pelo “pacote completo”, se referindo ao clube, aos jogadores, à filosofia, Pep Guardiola e à perspectiva de alçar voos mais altos na carreira. Götze chegou sonhando em se “beneficiar muito” da parceria com Guardiola. Sabendo o fim da história é possível dizer que Götze aprendeu muito, mas não como sonhava.
O banco de reservas foi o denominador comum nos três anos de sua passagem por Munique. Atuou em 114 partidas pelo Bayern, mas, se dividirmos os pouco mais de 7.300 minutos em campo por intervalos de 90, esse número vira 82 jogos. Os títulos podem ter sido bons, mas o status de reserva não satisfez a ambição de Mario. Götze precisou da decepção para reconhecer seu lugar, e aprender com os erros é para os grandes.
No meio disso tudo, marcou o gol que deu a Nationalmannschaft o tetracampeonato mundial, estampou os jornais e guardou seu nome na história. No Rio de Janeiro, foi herói e alcançou o topo, mas a vontade de voltar agora para Dortmund, mesmo com todas as circunstâncias envolvidas, mostra que Götze estava mesmo é no inferno. Um inferno astral que o leva a aceitar um reencontro com quem traiu, em busca de um recomeço enquanto ainda há tempo. Como dito aqui nesse blog, Götze mostra culhões ao tentar recomeço no Borussia.
O contrato milionário e a chance de tentar jogar mais no Bayern com Ancelotti seria o suficiente para qualquer um com mentalidade medíocre, mas não para Götze. Segundo a Süddeutsche Zeitung, aceita uma grande redução salarial (de 12 milhões de euros por ano para 8 milhões) para tentar recuperar sua felicidade. Mais uma vez, abraça um desafio e quanto a isso não há dúvidas: Götze quer sempre mais.
21 de julho fica marcado na história do Borussia Dortmund como a data do retorno de um jogador que não sabemos muito bem como recepcionar. Mario Götze disse ao site oficial que em 2013 tomou uma decisão consciente e não vai se esconder atrás de desculpas. Apesar de todas as ressalvas que tenho com o jogador, é preciso admitir certa ansiedade por esse retorno; nem tanto pela expectativa de ver Götze novamente com a camisa do Borussia, mas pela curiosidade de saber como isso vai terminar.
“Quero conquistar a torcida de novo, especialmente aqueles que não me recebem de braços abertos. Vou conquistá-los dentro de campo”, disse ao site oficial. Götze é enfático quanto aos desejos que tem e não se engana quanto à hostilidade. No currículo são 4 Bundesligas, 3 Copas da Alemanha, 1 Supercopa da UEFA, 1 Mundial de Clubes, 1 Europeu U17 e 1 Copa do Mundo. Ainda assim, o jogador que já ganhou de tudo sabe que o torcedor será sua conquista mais difícil.
Com informações de Espn.