Uma fiscalização do Ministério Público encontrou 63 corpos abandonados no necrotério do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro
A falta de higiene e de limpeza foram consideradas incompatíveis com uma unidade de saúde, como mostrou o RJTV.
Uma das câmaras frigoríficas não estava funcionando e servia como um depósito. A porta do local só se fechava sendo amarrada. Na outra câmara do local, várias guias de óbito coladas na porta denunciavam que ali tinha vários corpos guardados. Eram 36 apenas de bebês e nove de adultos.
A identificação de alguns mortos era feita apenas com um nome escrito à mão em um pedaço de papel. Em outros casos, as fichas estavam quase completas e tinham até o endereço.
Dentro de um contêiner ao lado de uma das entradas do hospital, os promotores do Ministério Público encontraram mais corpos armazenados. Um deles estava ali desde o ano de 2011.
Quando o paciente morre e nenhum parente é localizado, a unidade de saúde deve pedir autorização na justiça para sepultar. A Justiça quer saber porque isso não foi feito no Hospital Rocha Faria. Para os promotores do Ministério Público, o descaso pode ir além de uma falha administrativa.
“Algo que possa dar a conotação de que esses cadáveres estejam ali para possibilitar o uso indevido, como uma venda de corpos, um comércio ilegal, mas afirmar isso nesse momento ainda é temerário”, contou Madalena Junqueira, promotora de Justiça.
A promotora ressalta que, mais do que desrespeitar as leis, a própria condição humana foi ferida.
“Isso avilta o próprio direito universal de que todo cadáver, toda pessoa falecida, tem direito a um sepultamento. Isso é uma regra universal, um direito básico de toda pessoa”, destacou Madalena.
A Prefeitura do Rio declarou que havia 30 corpos no contêiner quando assumiu a unidade e que já conseguiu na Justiça a liberação de 12 deles. O Estado do Rio afirma que a atual gestão assumiu a pasta sete dias antes do Hospital Rocha Faria ser municipalizado.
Do Portal G1.