Evangelização nas Aldeias e a dialética do sagrado no Juruá

O indigenista Jairo Lima*, aborda neste texto um tema delicado: a evangelização nas aldeias.

A beleza, profundidade, naturalidade e alcance filosófico das crenças tradicionais indígenas nos remetem ao logos tão buscado pelos pensadores e filósofos antigos.

“Miração Yawanawá” – desenho Hushahu Yawanawá

Se olharmos com mais atenção aos noticiários, revistas ou posts na internet veremos cada vez mais, pelo mundo, grupos buscando resgatar suas crenças antigas de maneira a reconectar-se com as forças da natureza e de harmonizar-se com o cosmos. São ingleses buscando e praticando os rituais druidas, franceses com os rituais cátaros, etc. Sem contar o grande número de pessoas que visitam e interagem com rituais e crenças milenares que ainda mantêm este logos, como os budistas no Nepal, os hindus na índia, etc.
Quem já teve o corpo pintado com os kene (desenho/grafia tradicional) usando tinturas de jenipapo, breu ou urucum ou ainda comungou de algum ritual tradicional indígena sabe bem do que estou falando e entenderá a sentença acima.
Por isso creio que alguém ligado e praticante de alguma linha religiosa define como demoníaca estas expressões e ritos ancestrais dos indígenas, além de cometer um crime previsto em lei, também demonstra a pequenez e a superficialidade do seu espírito e da própria crença que segue.

leia abaixo o texto completo:

Vivemos tempos confusos. As divergências de uns poucos tentam apartar os corações e findar amizades de muitos, dando-nos a sensação de que vivemos a ditadura de um maniqueísmo ultrapassado que está dividindo e transformando a sociedade numa caricatura atualizada e pândega da disputa entre guelfos e gibelinos.

Com as lentes, mentes e corações direcionados ao Planalto Central pouca atenção sobra para a periferia nacional onde minorias lutam e morrem a cada dia. É impressionante a indiferença com que a imprensa e as autoridades políticas tratam as notícias de conflitos entre índios e fazendeiros por um naco de terra enquanto as redes sociais, programas de TV e jornais se regozijam e alardeiam as imagens de pseudo-celebridades que “quase mostraram demais” durante suas férias em Ibiza ou em Búzios.

Filme Abraço da Serpente (2015), retratou o impacto das missões cristãs na vida e cultura indígena

Entre as notícias da semana deparei-me com uma intrigante, que citava o desejo da chamada “bancada evangélica” de ter o poder de questionar o Supremo Tribunal Federal nas decisões tomadas por esta instância da justiça. Essa tal bancada me lembrou que existem certos assuntos que vez ou outra precisam ser abordados a fim de que não os esqueçamos e inadvertidamente voltemos a trilhar o mesmo caminho e cair nos mesmos erros. Assim, trato hoje de um tema muito delicado, e que coloca mais um tempero extra nesse clima maniqueísta que vivemos: a presença e/ou entrada de missionários em terras indígenas.

o assunto é delicado porque envolve a intersecção entre a singularidade da cultura tradicional indígena, incluindo sua proteção e a não menos sensível “liberdade religiosa”, direito de todo cidadão brasileiro.

Eu, particularmente, acho surreal que em pleno século XXI ainda exista quem acredite ser

necessário “levar a luz” para os “pobres e pagãos indígenas” ou que ache ser necessário “converter o próximo” como pré-requisito para ter pavimentado o seu caminho para o paraíso.

Mesmo sendo um admirador dos escritos de Santo Agostinho, acho difícil entender a que ponto a cegueira cultural e a miopia espiritual impelem alguém a tentar convencer uma aldeia indígena inteira que suas práticas e expressões da cultura tradicional são sinais de espíritos apegados às coisas do demônio e que suas almas estarão condenadas às danações infernais para sempre. Somente o fanatismo fundamentalista é capaz de explicar isso. Fanatismo este perfeitamente descrito por Voltaire quando o conceitua como “uma loucura religiosa, sombria e cruel, uma doença do espírito que se pega como varíola”.

Quando comecei minha trajetória como indigenista, praticamente não havia mais missionários estrangeiros atuando em aldeias do Acre. No entanto, ainda cheguei a ter certo contato com estes. Também vivenciei duas situações envolvendo missionários que me marcaram profundamente. Conto a experiência.

Em determinado ano eu havia chegado a uma aldeia (não citarei qual, por respeito) exatamente uma semana após a saída de uma família de missionários da igreja Novas Tribos do Brasil. A sensação de abandono da aldeia era nítida, parecia um lugar arrasado por uma calamidade. O olhar triste e desalentado dos indígenas contrastava com a opulência e a majestade da floresta ao redor, com todas as suas possibilidades de acesso a alimentação, medicina, etc. Parecia que todos estavam de luto, em um velório intangível sem corpo presente onde, para completar o quadro funesto, faltava somente a lamúria das carpideiras.

Pouco tempo depois topei com esta família de missionários em outra terra indígena. O

interessante é que, impedidos de morar dentro, compraram um lote de terra a menos de duzentos metros do limite da área indígena e lá construíram sua residência.

No período em que fiquei nesta área passei a observar o movimento deles, suas indas e
vindas na típica rotina assistencialista, protocolar de suas atividades. Confesso que até me impressionei com a interação e a receptividade da comunidade para com eles. Também vi muitos insumos sendo entregues para as famílias (remédios, ferramentas, etc). Notei que praticamente era inexistente o consumo de bebidas alcoólicas ou de caiçuma (que também possui teor alcoólico) ou quaisquer outras mazelas como brigas, disputas familiares, etc.

Porém, ao viver a rotina da comunidade e sentir sua dinâmica “fora da vista” dos missionários e também analisar profundamente o que motivava a ação destes “enviados de Deus” e o que esperavam em troca por todo este altruísmo cheguei à conclusão que este pagamento seria alto demais.

Em 2014, em parceria com a antropóloga e indigenista Ivanize Rodrigues, ajudei a construir um parecer para o Ministério Publico Federal sobre o assunto e que resume bem essa análise sobre todo este altruísmo: (…) Se por um lado, a presença dos religiosos provoca uma redução de hábitos muitas vezes nocivos como a ingestão de bebidas alcoólicas e uso de drogas, por outro lado há a gradual adoção de práticas culturais “ocidentais” em detrimento dos cantos, danças e demais costumes característicos de cada povo. Não raro, as pinturas corporais transformam-se em “símbolos do pecado” que devem ser cotidianamente combatidos, assim como a prática da ingestão da ayahuasca e do rapé. (…) Do tempo do barracão nos seringais à fase onde as igrejas estão sendo construídas nas próprias aldeias, os povos indígenas tem experimentado o constante assédio da sociedade envolvente, e poucas são as iniciativas que de fato buscam promover o fortalecimento das práticas culturais dessas populações, até porque o que está em jogo é justamente sua conversão (…).

Sintetizando a reflexão acima, pegando como exemplo a ingestão de álcool: o indivíduo
parar de beber a partir de uma decisão consciente tendo como pressuposto uma questão de saúde e a estabilidade sociocultural da comunidade é uma coisa. Parar de beber por medo de estar “pecando” e por isso ter sua alma (qual delas? Pois temos duas) condenada ao inferno é outra bem diferente. Afinal, altruísmo verdadeiro é aquele em que não se espera pagamento de volta.

Os anos passaram e vejo uma nova geração de missionários que vem se instalando em algumas aldeias. Desta vez, no entanto, estes missionários são indígenas convertidos na cidade ou a partir da visita de “grupos evangelizadores” às aldeias. Apesar disso não apresentar a peçonha igual ao que aconteceu em outras épocas, vem gerando conflitos em algumas terras indígenas onde os anciões ou os pajés locais sentem-se ameaçados ou veem com maus olhos essa “moda”. Concordo com eles.

Não é oculto aos olhos de ninguém que o evangelismo no Brasil cresceu bastante nos últimos anos. Esta vertente do protestantismo, dividida em diversas “denominações”, não esconde sua avidez em busca de almas que possam ser livradas da danação eterna e os dízimos a serem pagos por esta salvação. Nesse ponto, as comunidades indígenas, em alguns casos, podem ser alvo fácil.

É claro que a ação de missionários, de ONG’s ou até mesmo de pessoas ou grupos que se mostram interessadas em desenvolver projetos e atividades diversas em terras indígenas vem, muitas vezes, preencher espaços que poderiam ser ocupados pelo próprio Estado. Como exemplo posso citar um projeto dePara não citar somente os pentecostais, vi em matéria publicada recentemente que a seita “Missão da Ordem Cruzada, Católica, Apostólica e Evangélica” – ou simplesmente “Irmandade da Santa Cruz” -, criada no interior do Amazonas, já se espalhou por mais de 170 aldeias indígenas deste Estado (clique aqui e aqui). E, ao prestar mais atenção à matéria deparei-me com algo que me saltou aos olhos: o fundador e “padroeiro” desta seita é o famoso (no Juruá) “santo popular” José Francisco da Cruz. A imagem deste “santo pregador” está afixada em muitos comércios e casas ao longo do alto Juruá. A primeira vez que eu vi a imagem deste santo foi numa casinha de uma indígena Shawãdawa, no rio Cruzeiro do Vale e as histórias sobre sua passagem pela região é bastante conhecida pelos indígenas, no entanto ainda não há o estabelecimento ou evangelização por parte de membros desta seita nesta região. Pelo menos não ainda. Acredito até que não chegará devido à falta de contato entre os povos indígenas do Amazonas que estão engajados nesta seita e os povos do Acre.

saneamento interessantíssimo desenvolvido em 2014/2015 por um grupo de parceiros brasileiros e ingleses na em algumas aldeias da Terra Indígena Kaxinawá do Jordão, e também a atividade de acompanhamento e formação de mulheres Noke Koi (Katukina) em artesanato desenvolvido por voluntárias indígenas e não-indígenas.

 

O poder público deve voltar sua atenção para este fenômeno crescente, buscando efetivar a presença dos órgãos e a execução das políticas públicas voltadas à promoção da educação, saúde e assistência social junto aos povos indígenas.

Os conflitos que surgem nas comunidades quando o sagrado indígena e a “heresia” praticada pelos pastores e missionários  se encontram demandam, por vezes, a necessidade de uma atuação indigenista na mediação. Então, assim como aconteceu comigo, acredito que outros indigenistas já se depararam com situações envolvendo este assunto e sabem o quão delicado é a atuação e o diálogo nestes momentos, pois é um tema que temos que procurar referências, conteúdos e reflexões que nos embasem para que possamos esclarecer as comunidades quando estas nos procurarem para tratar sobre isso, pois há de se valorizar e respeitar a autonomia destas para definirem que caminhos preferem seguir, mas que esta decisão seja tomada a partir de reflexões e debates, onde todos se sintam atendidos em suas dúvidas.

Com certeza, um questionamento deve ter surgido na mente de alguns dos leitores deste

texto: mas o poder público pode intervir numa situação dessas, tipo, pode haver denúncia contra estes grupos de evangelizadores que entram sem prévia autorização das comunidades?

Claro!

Vejam este trecho da manifestação do MPF/AC sobre a questão: A proteção à cultura
indígena a ser assegurada pelo Estado deve justamente atuar na preservação de sua autodeterminação. O Poder Público deve proteger a liberdade dos indígenas em escolher seu modo de vida, de modo que essa escolha seja a mais livre possível (sem interferências externas consubstanciadas nem mesmo em uma possível imposição de manutenção de aspectos de seus modos de vida tradicionais). (…) Assim, pretender o Estado interferir, ou mesmo ser leniente perante a interferência de outrem, no modo de vida das populações indígenas seria o mesmo que desrespeitar sua autonomia, negando, por conseguinte, o seu direito à autodeterminação. (…)Este parecer é público e está disponível na íntegra no Portal da Transparência do MPF (Procedimento Preparatório 1.10.000.000645/2013-73). Para os interessados vale a leitura.

A moral da história é que não se pode cercear o direito e a autonomia dos povos indígenas na escolha de que fé e caminho espiritual seguir, garantindo-lhes a liberdade de escolha baseada no pleno entendimento de onde estão se metendo e que estes tenham a liberdade de aceitar ou não que entrem em sua terra levando “a palavra”. Acontece que nem sempre a adoção de uma fé na comunidade ocorre com a liberdade e o esclarecimento mencionado. Assim como também são raras as vezes que grupos religiosos buscam o órgão indigenista ou as lideranças previamente antes de entrar na reserva.

Trazendo a reflexão para o campo das idéias profundas é possível vermos que a visão simplista reinante de se alcançar o céu através de um suposto combate ao pecado personificado na “cultura do que é diferente dos preceitos do evangelho” para assim evitar ter sua alma jogada às labaredas do inferno, subtrai o verdadeiro sentido filosófico apresentado por Santo Agostinho (um dos “pais da igreja”) em que se acreditava ter a fé religiosa chegado ao momento (isso ainda no século V) de diálogo com a inteligência humana.

Posto isso, podemos entender que essa negação e combate a estes “pecados”

personificados pela cultura tradicional indígena nada mais é que puro fundamentalismo fanático, cego intolerante para com a pluridiversidade, pois nega o uso da inteligência e da razão, contrapondo-se, por isso, a visão de fé defendida desde há muito pelos principais pensadores que contribuíram para as bases religiosas de basicamente todas as doutrinas cristãs atuais.

Podemos, então, conjecturar ser este fundamentalismo fanático tão somente a união da mais pura fé com a mais nefasta e repugnante ignorância humana. Isso explica muita coisa.

A beleza, profundidade, naturalidade e alcance filosófico das crenças tradicionais indígenas nos remetem ao logos tão buscado pelos pensadores e filósofos antigos.

Se olharmos com mais atenção aos noticiários, revistas ou posts na internet veremos cada vez mais, pelo mundo, grupos buscando resgatar suas crenças antigas de maneira a reconectar-se com as forças da natureza e de harmonizar-se com o cosmos. São ingleses buscando e praticando os rituais druidas, franceses com os rituais cátaros, etc. Sem contar o grande número de pessoas que visitam e interagem com rituais e crenças milenares que ainda mantêm este logos, como os budistas no Nepal, os hindus na índia, etc.

Quem já teve o corpo pintado com oskene (desenho/grafia tradicional) usando tinturas de jenipapo, breu ou urucum ou ainda comungou de algum ritual tradicional indígena sabe bem do que estou falando e entenderá a sentença acima.

Por isso creio que alguém ligado e praticante de alguma linha religiosa define como demoníaca estas expressões e ritos ancestrais dos indígenas, além de cometer um crime previsto em lei, também demonstra a pequenez e a superficialidade do seu espírito e da própria crença que segue.

Deixo a dica para que assistam o filme “Floresta de Esmeraldas” (1985) e vejam a transformação e a viagem espiritual que o protagonista vive.

Aqui em nosso querido e por vezes esquecido Aquiri vejo que, de maneira geral, vem acontecendo um grande amadurecimento das comunidades no tocante à necessidade de se fortalecer a cultura tradicional e de se cultuar o panteão espiritual que essa cultura traz sem criar espaços para atritos com outras crenças que “convivem” no espaço da aldeia. Cito que conheço muitas comunidades onde a liderança geral, mesmo não praticando a cultura ancestral, incentiva e fomenta estas práticas na aldeia.

Festivais, encontros e outros eventos de valorização e difusão cultural como as pesquisas e o intercâmbio entre terras indígenas vem crescendo exponencialmente no Juruá, o que nos traz outro grade desafio: garantir que essa expressão também seja de livre escolha das comunidades, e não imposta pelas pressões institucionais ou ideológicas de grupos ou instituições. Cito como exemplo a situação do grupo de indígenas que atualmente ocupa um parque municipal na região do Alto Acre onde a prefeitura local queria exigir que estes ficassem nus e servissem como atrativo para turistas visitarem o parque.

Na contramão deste banzeiro judaico-cristão, vemos também crescer em muitas comunidades um movimento de uso da cultura tradicional por parte de grupos que descobriram ser esta a principal maneira de apresentar sua identidade étnica e trazer benefícios para seu povo. No contra fluxo do movimento evangelizador “ocidental” tem crescido o movimento de lideranças,txana (cantores da tradição) e pajés que constantemente realizam rituais de celebração e cura, bem como divulgam suas crenças e cultura em diversas partes do Acre, do Brasil e, em alguns casos, até em outros países. Vemos como resultado imediato disso o aumento – pelo menos aqui no Juruá – de visitantes que vem as comunidades indígenas em busca de tratamentos e cura espiritual e material.

Estes visitantes participam de eventos diversos como as vivências, dietas, festivais e outros tipos de interações culturais e religiosas. Interação esta que é revertida, muitas vezes, em ganhos para a comunidade, seja na forma de projetos, seja na forma de doações; e o melhor de tudo isso é: não custa a alma de ninguém!Em minhas andanças nas aldeias já topei até com monges budistas, judeus e até gurus indianos que vem trocar experiências com as lideranças e participar de rituais com os pajés.

Vemos, a cada dia e cada vez mais, os jovens procurando aprender as canções tradicionais, a utilizar o rapé e demais medicinas do seu povo. Temos até iniciativas de mulheres que estão aprendendo os mistérios tradicionais e fazendo as dietas de preparação, entre estas podemos citar a pajé Raimunda Putani Yawanawá (clique aqui). Claro que há o que melhorar, mas, sobre este circuito do “turismo xamânico” escreverei em outra oportunidade.

É legal de ver, e também contribui muito para a valorização cultural dos povos indígenas e suas crenças, as iniciativas de alguns nawá (não-índios) que, sem serem indigenistas de profissão, se engajam – de maneira séria e salutar – no fortalecimento e divulgação da cultura indígena. Para citar

alguns exemplos tivemos a produção do curta Awara Nane Putane – Uma História do Cipó(clique aqui), que faz uma releitura de uma lenda indígena do povo Yawanawá sendo, inclusive, as falas sendo feitas na língua indígena deste povo, iniciativa maravilhosa do querido amigo Sérgio Carvalho que já se encontra a pleno vapor em seu novo projeto Nokun Txai, tratarei em breve sobre este assunto. Temos ainda a atriz Regina Maciel com sua peça Ikuãni, a fotógrafa Talita Oliveira, o Tiago Tosh com sua arte espiritual nos muros de Rio Branco, isso só para citar alguns.

É bom frisar que não sou ateu, muito menos “anti” isso ou aquilo ou “anti” essa ou aquela doutrina religiosa. Acontece que faz muitos anos que descobri que minhas “verdades” não precisam ser as “verdades” do próximo para que eu trilhe o bom caminho e alcance a iluminação espiritual e filosófica da existência. É como diz a letra de uma das mais lindas canções de Bob Dylan:conhecerei minha canção antes de começar a cantá-la.

Grafite do artista Thiago Tosh. Arte urbana com inspiração na floresta

Sei que o assunto flui. Flui mesmo, assim como as águas do meu querido Aquiry que serve de porta de entrada para os poderosos rios que banham a Amazônia. “Queira Deus” que continue assim, fluindo e levando vida ao Brasil Amazônico, como o Nilo sempre levou à terra eterna dos faraós, ou ainda como o Tigre e o Eufrates que banhavam o Éden. Isso nos dá a sensação gostosa de que, na verdade, o paraíso é aqui, no éden indígena.É isso…missionários em suas missões incoerentes, como Don Quixote em busca de seus gigantes. Finalizo por aqui até mesmo para não me estender em linhas que não carecem de novas sentenças.

Naka ashitayene nowatha nokiriãtxari apanirõyne

(meu espírito é livre para pensar…)

Boa semana a tod@s!

*Jairo Lima é indigenista da FUNAI e publica semanalmente em seu blog Crônicas Indigenistas