Pacientes, familiares e profissionais de saúde mental do CAPS Náuas participaram nesta terça-feira, 18, do Dia Nacional da Luta Anti Manicomial. A atividade aconteceu no coreto da praça do Centro Cultural de Cruzeiro do Sul. Pacientes apresentaram à sociedade algumas das atividades desenvolvidas no CAPS que incluem a confecção de sabão artesanal, doces e salgados, além de máscaras que são utilizadas em dramatizações sobre violência doméstica.
O principal objetivo é apresentar à sociedade o novo modelo de tratamento de saúde mental sem a necessidade de internações prolongadas.
“No modelo que vem sendo implementado, o CAPS realiza o atendimento ambulatorial e trabalhamos a rede familiar e social do paciente para sua reinserção na sociedade.” Explica Cristina Messias, coordenadora do CAPS Náuas.
O movimento anti-manicomial brasileiro teve iniciado na década de 70, quando funcionários de hospital psiquiátrico do Rio de janeiro denunciaram à sociedade os abusos físicos e psicológicos a qual era submetido os pacientes internados.
Desde então profissionais e estudiosos da área vem trabalhando um modelo em que não sejam mais necessárias as internações de longo prazo, que na prática significam a exclusão e confinamento dos pacientes sem possibilidade de reabilitação.
Nos casos de pacientes que apresentem agressividade, são previstas internações emergenciais de curto prazo e medicação. O Acre, por exemplo dispõe de 19 leitos para internação em saúde mental, explica João Paulo Silva, psicólogo do setor de Saúde Mental da SESSACRE.
No Brasil existem leis que amparam o novo modelo, contudo há pressões dentro do setor de psiquiatria para que a manutenção dos manicômios. No ano passado, os CAPS de todo país realizaram um dia de protesto pela nomeação de Valencius Wurch para a pasat de saúde mental. Valencius, um notório opositor da Reforma Manicomial foi indicado a substituir o psiquiatra Roberto Tikanori. Após a reação negativa, a então presidente Dilma voltou atrás na decisão.
Perspectivas são ruins, afirma coordenadora
Se mesmo durante o governo Dilma já havia possibilidade de retrocesso no setor de saúde mental, com o governo interino de Temer, as perspectivas são ainda mais sombrias.
“Estamos preocupados com o SUS de modo geral, se o novo governo já fala em diminuir o tamanho do SUS, a saúde mental será atingida, principalmente nunca foi prioridade e somente muito recentemente passou a receber a atenção dos governos.”
Dependência Química
Apesar de não ser imediatamente associado, o problema da dependência química também é uma questão de saúde mental, e que recebe a atenção do CAPS. O tratamento também prevê o fortalecimento das relações sociais e familiares como forma de reabilitação.
O autismo também é uma questão que recebe a atenção do CAPS Náuas, as mães Sandra Oliveira e Fátima Nascimento, tiveram seus filhos em idade de seis e sete anos diagnosticados com autismo. Elas recebem orientação para melhor lidarem com seus filhos.
“depois das orientações que recebi no CAPS, meu filho já se expressa melhor, já olha nos olhos”, conta Sandra.
Fátima mudou-se de Ipixuna-AM para Cruzeiro do Sul, em busca de atendimento. “O CAPS” está me ajudando muito, conclui.